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Mário Eugênio Lobato Winter

Superintendente Geral da Vallourec e Mannesmann Florestal

Op-CP-06

Intercâmbio de informações: a base do sucesso da mecanização

Ao longo dos anos, observamos um desenvolvimento acentuado na silvicultura brasileira, responsável por colocar o país como principal player no abastecimento de biomassa florestal do planeta. Este desenvolvimento deu-se devido ao elevado volume de pesquisas desenvolvidas internamente nas empresas, com o apoio de universidades e entidades científicas.

Isto contribuiu não só para a melhoria significativa dos maciços florestais, mas, principalmente, para difundir e enraizar nas empresas as novas práticas silviculturais. Por outro lado, pouco se pesquisou, tanto internamente nas empresas, como particularmente nas universidades, sobre práticas de manejo mecanizado na formação das florestas e na colheita e movimentação de madeira e carvão vegetal.

Para sanar esta lacuna, adaptações de equipamentos destinados à agricultura e importação de tecnologia desenvolvida em outras partes do mundo foram e estão sendo utilizadas de forma indiscriminada, com alguns sucessos, porém, diferentemente do que ocorreu na silvicultura, a cultura da mecanização não se desenvolveu na sua plenitude.

Muito mais do que simplesmente mecanizar, um projeto de mecanização deve analisar a interface homem-máquina-meio ambiente, como base de sustentação do processo evolutivo das operações florestais. Análises de sistemas, alternativas de equipamentos, suporte de assistência técnica e fornecimento de peças são itens importantes, mas o cerne do projeto é a seleção de aptidões pessoais e a formação do pessoal que irá conduzir as atividades mecanizadas.

Sem a formação do espírito de equipe não há consciência de mecanização. Estamos, portanto, numa grande encruzilhada, onde uma auto-estrada moderna (a silvicultura) cruza-se com um caminho de terra (a mecanização), e é justamente por este caminho que começam a transitar os maiores custos operacionais das atividades florestais.

Dentro desta constatação, em que poucos acreditam, surge a grande questão do momento: como mecanizar? A resposta pode estar no caminho trilhado pela silvicultura até então: pesquisa intensa e desenvolvimento interno de equipamentos, realmente adaptados para a nossa realidade florestal. Mas, assim como a silvicultura ensinou-nos, necessitamos formar “mecanizadores”, pessoas que realmente se dediquem a esta atividade.

O passado ensina-nos isto, quando analisamos os sucessos e os insucessos da mecanização nas diversas atividades do setor. Sempre no primeiro caso, encontramos pessoas que conseguiram vislumbrar um pouco à frente dos demais e geraram projetos exemplares que, em muitos casos, nem mesmo copiados, lograram sucesso. A partir daí, pode-se instalar o novo boom do crescimento da atividade florestal, pois já temos tecnologia para produzirmos excelentes florestas.

Resta-nos saber colhê-las da forma mais adequada. Não se trata de uma revolução total e sim de podermos “clonar” os bons exemplos, não nos esquecendo da necessidade de “aclimatações” regionais, pois aqui, como na silvicultura, não existem soluções “plásticas” que servem para todos os casos. Portanto, é chegado o momento de conclamarmos nossas empresas, nossas universidades e as entidades de pesquisas a se unirem, num esforço comum, com intercâmbio de informações e pesquisas, visando o crescimento do setor como um todo.

Lembramos que, no passado, o IPEF coordenou um grupo de mecanização, o PCMEC, que reuniu os principais “mecanizadores” do setor florestal brasileiro, numa época onde as limitações às importações de tecnologia eram intensas, e como fruto desses trabalhos surgiram os principais projetos de mecanização do setor florestal brasileiro.

Dentro desta nova filosofia de formação da consciência de mecanização, deverão estar engajados os parceiros de operações terceirizadas, tão distantes atualmente da tecnologia da mecanização, mas que assim como ocorre em outros países, poderão ser envolvidos nesse processo de mudanças, criando-se uma nova relação de parceria, propiciando a longevidade dos prestadores de serviço, bem como mantendo o equilíbrio das lucratividades entre as partes.

Papel importante neste cenário, destinar-se-á às empresas fabricantes de equipamentos, tantos nacionais, como estrangeiras, pois se vislumbra o país como principal fonte de abastecimento de biomassa mundial, portanto, como alto demandador de tecnologia, para manter sua competitividade. Neste cenário novo e bem adaptado, tecnologias que nem sempre necessitam ser complexas, deverão ser desenvolvidas.

Este caminho, ora não pavimentado, como citado anteriormente, e que tanta surpresa tem causado, deverá se tornar a rota prioritária dos esforços do setor, fomentando-se o intercâmbio de informações, consolidando-se como uma rota segura, assim como o é a auto-estrada da silvicultura, através da formação da cultura da mecanização, alavancando-se, definitivamente, o setor florestal como um todo.