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Cesar Augusto dos Reis

Diretor Executivo da ABRAF

Op-CP-15

As florestas plantadas e a crise

A crise financeira iniciada nos Estados Unidos, e que chegou ao Brasil no 4º trimestre de 2008, afetou as atividades de florestas plantadas de eucalipto e pinus integradas à produção de celulose e papel. A queda no volume das exportações de celulose e dos respectivos preços internacionais trouxe um novo desafio para as empresas integradas, que se viram forçadas a um plano de redução de custos, atingindo as atividades de plantio e colheita florestais.

Vários projetos de expansão e de construção de novas unidades de produção foram postergados, levando à desativação de viveiros e adiamento dos planos de expansão das áreas florestais. Os reveses trazidos pela crise financeira internacional e a queda da demanda nos mercados internacionais, atingiram não somente os segmentos de celulose e papel, mas também a produção siderúrgica a carvão vegetal, acompanhando a redução drástica da produção da siderurgia brasileira em geral, e ainda as indústrias de painéis de madeira reconstituída, fornecedoras da indústria moveleira, que enfrenta a demanda retraída nos mercados interno e externo.

Os prognósticos mais otimistas anteveem retomada dos níveis das atividades econômicas em geral no 2º semestre de 2009, o que permitiria a retomada de produção das empresas integrantes da cadeia de base florestal, e o reinício do plantio de florestas na estação de chuvas ao final deste ano, limitando a interrupção do plantio a cerca de 12 meses e postergando a colheita por igual período no futuro.

Diante desse cenário incerto, convém reforçar os aspectos positivos da atividade de florestas plantadas, que são recursos úteis para enfrentar os desafios da crise. Assim, a competitividade das florestas plantadas de eucalipto permanece como um diferencial positivo, que possibilita custos reduzidos na fabricação da celulose e a consequente competitividade nos mercados mundiais.

As perspectivas de sucesso nos experimentos em biotecnologia, com desenvolvimento de espécies tolerantes às variações climáticas, com menor demanda de insumos químicos na produção de celulose, são recursos que certamente irão permitir novos saltos de produtividade, incrementando a competitividade da celulose nacional. Um dos temas dominantes neste início de ano, nos diversos setores do agronegócio, é a necessidade premente de revisão do código florestal, atualizando seus conceitos e regulações.

O setor de florestas plantadas tem propostas de mudança do código, em especial quanto ao reconhecimento das áreas de florestas plantadas consolidadas em topo de morro, e na inclusão das áreas de preservação permanente no cálculo da área de reserva legal, que fazem eco com as reivindicações de outras culturas agrícolas do país, e que coincidem com as mudanças defendidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Recente apresentação da Embrapa Monitoramento por Satélite, demonstrou a redução drástica de áreas disponíveis para agricultura, se consideradas as atuais restrições da legislação ambiental, o que reforça a necessidade de revisão dos dispositivos legais, em favor da continuidade da produção. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, utilizando essas conclusões, tem assumido posições francamente favoráveis à revisão legal.

As possíveis alterações na legislação, que venham a ocorrer no atual período legislativo, certamente ampliarão as oportunidades para o desenvolvimento e crescimento das florestas plantadas. O anúncio feito pelo governo na última semana de março de 2009, de um ambicioso programa de construção de um milhão de casas populares, promete aquecer a indústria da construção civil, com o aumento da demanda de aço para a construção e o crescimento da demanda por móveis, o que renova as oportunidades de retomada da produção da siderurgia a carvão vegetal e dos painéis de madeira reconstituída, indústrias integradas às florestas plantadas.

Todavia, a par dos aspectos positivos elencados, devemos sempre considerar os desafios impostos pelos movimentos sociais contrários às culturas de eucalipto e pinus, que permanecem como ameaças no horizonte, e merecem toda a atenção do setor, diante do calendário estruturado por suas lideranças ao longo do ano, que aproveita datas e períodos comemorativos para marcar sua atuação com manifestações e invasões das propriedades ou instalações do setor.