Me chame no WhatsApp Agora!

Marcelo Santos Ambrogi

Diretor da IMA Florestal e Sócio da Euca Energy

OpCP65

A densidade como fator de vantagens

Quando sugeri ao caro amigo William que a densidade da madeira poderia ser um tema para uma das publicações da Revista Opiniões, eu estava em Alto Araguaia, Mato Grosso, em atividade no desenvolvimento de uma nova planta de celulose, e conversando com alguns colegas sobre o quanto essa premissa ou variável é impactante em praticamente todas as cadeias de negócios do setor de base florestal.


O contínuo aumento da produtividade florestal sempre será um objetivo para qualquer dos setores da cadeia de base florestal. Mas não adianta volume sem a qualidade que o produto demanda.


As variáveis qualitativas da madeira são sempre um diferencial que procura aumentar sua eficiência no rendimento de transformação e na qualidade de seus produtos. A densidade da madeira é uma delas. É bastante estudada e avaliada pela indústria, na busca de otimizações em questões operacionais na cadeia de plantios, colheita e a danada logística.


A densidade da madeira, ao mesmo tempo que é importante nos objetivos de produção e atingimento de mercados, é por sua vez, impactada por diversas variáveis, que, em um país continental, com tantas diferentes condições edafoclimáticas e manejos, demanda a continuada pesquisa e o desenvolvimento e a rotina de estudar e testar os materiais genético para as condições locais e dos objetivos da produção.


Nestes trinta e quatro anos de carreira profissional nas cadeias de celulose, madeira sólida, energia elétrica, bioquerosene de aviação, biomassa para utilities e exportação de madeira, e em várias regiões do Brasil, na América do Sul, África, Europa e América do Norte, apenas confirmei o que sabemos, é importante sempre fazer um balanço entre a produtividade, a densidade e a logística florestal.


As empresas estruturadas e de grande escala monitoram a densidade e outras variáveis importantes nos seus processos de desenvolvimento de material genético e a evolução dos processos industriais, como de madeira, e as oportunidades de novos negócios.


Tirando a capacidade das grandes empresas, é fundamental que os investidores em plantios florestais devem estruturar os seus negócios, ou suprir cadeias de terceiros, ter dentro de seus processos de negócio pelo menos a avaliação da densidade da madeira, através de laboratórios especializados, como universidades e institutos.


A densidade se inicia com a muda escolhida para o plantio. E a muda deve estar testada no ambiente de interesse. O local afeta a evolução de crescimento e da densidade da madeira e, portanto, a melhor muda é a que gera boa produtividade e qualidade, por exemplo, densidade, para o mercado disponível.


Além da importância qualitativa e de produção dos materiais genéticos, é importante garantir que estão usando mudas “legais”, de viveiros que possuem registros ou autorização de venda, para se evitarem problemas legais e impossibilidade de se vender a produção.


Isso confirma a importância das empresas independentes que desenvolvem ou obtêm licença para produzir e comercializar mudas, que realizam testes em diferentes regiões, como a Arbogen e a Plantar. A cadeia de pesquisa, desenvolvimento, testes de campo, adequações de manejos, testes industriais, inventários florestais é extremamente importante para o fortalecimento da qualidade dos negócios, baseado em materiais genéticos orientados para a região e a produção de interesse. 


Um plantio de alta produtividade, mas de baixa densidade e mal localizado, terá um valor médio de venda inferior a um plantio de menor produção, mas com densidade dentro da faixa de interesse do comprador, na mesma distância.


Esse tema reforça a importância de que o investidor florestal deve considerar o mercado de sua região, ao investir em plantios florestais, buscar materiais genéticos de viveiros registrados, que tenha resultados de produção e densidade identificada para esse mesmo local, de forma a qualificar o plantio ao mercado. Todas as grandes cadeias de negócio de base florestal têm como variável importante a informação de densidade.


Essas cadeias já transferem conhecimentos para motivar e indicar aos fornecedores as restrições de densidade aceitável e auxiliar na indicação dos materiais genéticos para os plantios. As cadeias de exportação de cavaco para utilities ou produção de celulose, na Europa ou na Ásia, definem limites claros sobre a densidade mínima e máxima aceita, baseada na obrigatoriedade de testes laboratoriais. Além das grandes empresas que possuem seus próprios laboratórios, as universidades e os institutos de vários estados têm capacidade de realizar esse teste.


É importante que os investidores em plantios florestais iniciem o projeto considerando o acesso a mudas de qualidade, que foram testadas nas regiões de interesse, quanto ao desempenho no campo e de testes laboratoriais. Não é um alto investimento, mas pode gerar um diferencial de interesse dos compradores de mercado, podendo afetar o preço. Também é relevante que a relação de produção e densidade possam reduzir a demanda de terra em função do aumento da eficiência na transformação.


A densidade da madeira como um tema da Revista Opiniões, com a participação de tantos profissionais de larga experiência, confirma a importância dessa variável de processo.