Chefe e Consultor de Tecnologia e Desenvolvimento da Gerdau
Op-CP-27
O Brasil tem, historicamente, se apresentado ao mercado como um país atrativo e de forte vocação florestal. Investimentos importantes nas últimas décadas e ainda recorrentes confirmam os já conhecidos atrativos e excelentes atributos do segmento. Contudo aspectos conjunturais e estruturais têm sinalizado significativas perdas de competitividade do Brasil em diversas cadeias produtivas frente aos mercados internacionais, e não está sendo diferente para o setor de florestas plantadas.
A economia mundial cresce segundo duas grandes forças: globalização e mudança tecnológica. A competição entre as empresas é cada vez mais acirrada, a qualidade não serve para distinguir mais ninguém, e a tecnologia muda rapidamente. Em 1980, uma nova descoberta científica levava 10 anos para chegar ao mercado; hoje, leva 5 anos ou menos. É preciso inovar para manter-se competitivo e presente no cenário nacional e, notadamente, internacional.
O conceito de inovação tecnológica na silvicultura e colheita abrangem complexas situações e ao mesmo tempo tem uma necessidade premente de simplificação para atender as mudanças necessárias à produção florestal.
A palavra de ordem do momento é inovação. Entretanto a maioria das empresas precisa de inovações simples, de melhorias de produtos e processos. Diante disso, os responsáveis pela gestão da inovação tecnológica enfrentam uma série de questionamentos e dilemas, tais como: quais são as tecnologias mais importantes para o seu negócio e como garantir sua implementação? O que desenvolver internamente e o que e como obter externamente ao ambiente da empresa?
As universidades brasileiras ganharam reconhecimento pela ciência florestal aqui desenvolvida e aplicada, assim como nossas empresas, pelas inovações aplicadas ao setor. O aumento de produtividade conseguido nas últimas décadas nos coloca entre as melhores silviculturas do mundo, mas não nos garante para o futuro.
Para a manutenção dessa competitividade, a busca por tecnologia deve estar associada à estratégia empresarial, e a visão inovadora deverá estar impregnada aos processos florestais. Isso requer a união de investimento, financiamento, competências e ideias.
O Brasil ainda tem possibilidade de ter ganhos expressivos de produtividade. Para isso, é necessário que os investimentos acompanhem as tendências tecnológicas, que haja mais incentivos financeiros e políticas claras direcionadas à inovação tecnológica.
Os modelos ecofisiológicos aliados ao sensoriamento remoto aplicado ao setor florestal são um bom exemplo de tecnologia que tem evoluído e ajudado no entendimento dos fatores que limitam a produtividade em cada situação, como clima, solo, manejo florestal e proteção.
A fertilização, importante no desenvolvimento e no crescimento ao longo do ciclo da floresta, necessita ser repensada. O crescente aumento nos preços dos insumos e a busca por processos de produção ecoeficientes demandam uma utilização cada vez mais racional de fertilizantes.
A silvicultura de precisão apresenta potencial de redução da variabilidade observada nas adubações e ajudará no melhor controle e gerenciamento das operações, assim como obter povoamentos mais homogêneos e produtivos.
A viabilização dos chamados fertilizantes complexos, de liberação controlada, que garantem que cada grânulo contenha os nutrientes necessários para o crescimento e o perfeito desenvolvimento das plantas, minimizando as perdas por lixiviação e os efeitos nocivos de salinidade.
As operações silviculturais têm buscado a ampliação dos sistemas mecanizados que garantem a qualidade necessária para melhores produtividades. Um exemplo clássico é o da colheita florestal, que passou por significativas mudanças tecnológicas nas últimas décadas; as operações evoluíram de um processo manual para o semimecanizado, adquirindo nível mais expressivo de mecanização com a substituição de motosserras pelo feller e harvester e os skidders, os quais passaram a substituir os tratores agrícolas adaptados.
Uma nova geração de equipamentos com custos operacionais mais baixos e com melhores atributos operacionais no tocante a solos e customização deverá ocupar essa nova fase.
Os desafios à inovação, contudo, estão na inclusão dos pequenos e médios produtores rurais de fundamental e crescente importância para a atividade florestal integrada e ao novo mercado de produtos florestais. Não se pode imaginar, hoje, o desenvolvimento socioeconômico das comunidades regionais e a sustentabilidade dos empreendimentos florestais e industriais sem soluções adaptadas às escalas desses novos produtores.
A habilidade comprovada do empresário brasileiro na busca de respostas e de superação forjará, necessariamente, os novos tempos e a presença constante da necessidade de inovação. Não se pode, como país, buscar soluções autônomas, próprias, individuais e únicas.
A busca por competitividade deve ser interpretada como uma oportunidade para aperfeiçoamento dos mecanismos institucionais públicos e privados, como uma cooperação, como um meio de viabilizar o processo criativo e empreendedor do negócio florestal brasileiro.