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Sergio Antonio Garcia Amoroso

Presidente do Grupo Orsa

Op-CP-02

Temos motivos para comemorar?

O Brasil é hoje o maior produtor de celulose de fibra curta, derivada do eucalipto, e tem grandes possibilidades de se tornar líder mundial do setor, incluindo outros tipos de fibra. Para chegar a esta situação, o país tem a seu favor condições ambientais como o solo, além do domínio da tecnologia de ponta. No entanto, todas essas condições favoráveis não são suficientes para uma comemoração. Muito pelo contrário.

Os empresários assumem grandes riscos para investirem em nosso país, o que exige muita coragem. No entanto, nem sempre as soluções geradas para trazer competitividade ao país, e que exigem ousadia e coragem, são premiadas. Nosso país tem sérios problemas institucionais e os fatores que interferem no desenvolvimento de um setor como o de produção de celulose são muito mais complexos quando comparados, por exemplo, com aqueles enfrentados pelos países desenvolvidos.

 Entretanto, estamos preparados para competir em condições vantajosas com produtores tradicionais e nos tornar fornecedores de mercados promissores como a China e a Índia, que apresentam um crescimento vigoroso. Nesses países, o aumento da população gera um crescimento exponencial da demanda, principalmente, para produtos de higiene e limpeza, como guardanapos, papel higiênico, etc., provenientes da celulose de fibra curta.

Se considerarmos as condições e o potencial instalado da nossa indústria, tenho segurança em afirmar que temos capacidade de atender essa enorme demanda e desbancar fábricas obsoletas, que operam em países no hemisfério Norte, cujo ciclo de florestas é entre 25 e 70 anos, enquanto, no Brasil, o tempo médio de crescimento e corte não ultrapassa 7 anos, no caso de fibra curta, e de 10 a 15 anos, no caso da fibra longa.

Uma poupança de longo prazo: Imagine que você tem uma pequena propriedade e quer uma renda futura garantida e, ao mesmo tempo, não pretende se desfazer de algumas cabeças de gado e ainda deseja continuar mantendo aquela plantação de milho. Mas, na sua propriedade, há um espaço livre, onde poderia se plantar umas árvores...

Estou falando do fomento florestal. Uma solução social para a pequena propriedade, que deve ser analisada com atenção pelo poder público, pois apresenta uma solução para o campo, ao gerar uma poupança de longo prazo para o pequeno proprietário - que mantém sua terra, seu gado e sua lavoura de manutenção e não parte para as cidades grandes, em busca de sobrevivência.

Entretanto, para que este modelo transforme-se em política pública, o país precisa resolver seus entraves burocráticos e suas questões institucionais. O fomento florestal está sendo testado pelo Grupo Orsa num programa, desde 2001, e já beneficiou mais de 260 famílias de pequenos produtores do sul do estado de São Paulo, englobando a região do Vale do Ribeira.

O fomento florestal da empresa, além de garantir uma alternativa de renda ao produtor - que pode plantar pinus de forma integrada com as atividades agrícola e pecuária - contribui para a geração de empregos e desenvolvimento da região, que apresenta um dos mais baixos indicadores sociais do estado. O acordo consiste no financiamentodo plantio de pinus pelo produtor rural.

O Grupo Orsa, além de fornecer as mudas, dá a assistência técnica necessária e a garantia da compra futura da madeira, com o preço praticado no mercado. O programa prevê a possibilidade de o produtor receber adiantamentos para financiar o seu plantio e ainda garantir uma renda extra enquanto as árvores crescem, até que a colheita tenha início.

No final, terá acumulado o equivalente a R$ 50 mil por hectare plantado, de renda gerada pelo fomento. Vamos, portanto, imaginar uma política pública bem definida nesta direção e teremos encontrado uma solução para fixar o homem do campo, para a sustentabilidade duradoura de pequenas propriedades rurais, a geração de renda extra, com disponibilidade de grandes áreas para estabelecimento de futuras fábricas.

Mosaico, o eucalipto na Amazônia: Qual a vantagem em comercializar uma celulose certificada pelo FSC, uma organização não-governamental, criada em 1993 para lutar pela conservação ambiental e pelo desenvolvimento sustentável das florestas?

Apostamos que florestas plantadas, certificadas pelo FSC, seriam um fator diferencial para a celulose de fibra curta branqueada, produzida e exportada do Vale Jari, na Amazônia, pois, atualmente, qualidade é um dos quesitos deste exigente mercado internacional, consumidor de celulose. Este modelo, denominado mosaico, integra as florestas plantadas de eucalipto e as florestas nativas, totalizando 965 mil hectares certificados pelo FSC, na região do Vale do Jari, entre Pará e Amapá, onde são aplicadas técnicas que garantem a minimização dos impactos ambientais em todos os níveis.

Ao certificar a empresa, o FSC compara suas ações, com princípios definidos por um grupo de instituições brasileiras e estrangeiras, que integram seu Conselho. Esses princípios formam um conjunto de regras e ações, que mostram à empresa como fazer o manejo de suas florestas de forma sustentável. No caso das florestas plantadas de eucalipto no Vale do Jari, esses princípios são específicos para estarem inseridas na realidade da Amazônia.

Enfim, o setor de celulose pode ser original na busca de soluções de equilíbrio e tem muito a ganhar com isso, tanto em melhoria da produtividade e resultados, como na contribuição para a sociedade brasileira. A miséria em nosso país é diretamente proporcional às oportunidades de desenvolvimento de modelos ambientalmente corretos, socialmente justos e economicamente viáveis. Basta criatividade, persistência e visão de futuro.