Gerente Técnico da Malinovski Florestal
Op-CP-23
O setor florestal brasileiro é reconhecido como um dos mais competitivos no âmbito mundial, sendo referência em produtividades e custos de florestas plantadas de pinus e eucalipto, que são o principal insumo das indústrias de papel e celulose, de madeira serrada, de siderurgia, de painéis reconstituídos e de chapas.
Em 2010, o Brasil consumiu 162,6 milhões de m3 de florestas plantadas nos diversos segmentos, e os custos operacionais com colheita e transporte representam hoje mais de 50% do valor da madeira posta no pátio das indústrias.
Atrelado aos altos custos operacionais, o abastecimento de madeira também é influenciado fortemente pelas condições atmosféricas, o que exige planejamento antecipado e flexibilidade para a execução das operações, pois somente se consegue manter competitividade em custos a partir da continuidade da produção dos recursos empregados.
Nesse contexto, o planejamento da logística das operações florestais vem ganhando cada vez mais importância, pois, desde a implantação das florestas, a construção, a adequação e a manutenção das estradas, o planejamento e a execução da colheita, o objetivo principal deve ser o escoamento da madeira produzida com o menor custo e a maior garantia de abastecimento possível.
Dentre as formas possíveis de se transportar a madeira produzida nos talhões até as unidades industriais, a mais utilizada no Brasil é por meio do modal rodoviário. Existem diversos tipos de cavalos mecânicos atrelados a diferentes tipos de implementos, que formam as CVC - Composições Veiculares de Carga, disponíveis no mercado. Porém, a indicação da combinação ótima depende principalmente das condições em que serão realizadas as operações e a legislação vigente na região.
As CVC que normalmente apresentam o menor custo por unidade transportada são as que conseguem carregar maior quantidade de carga, mas cada qual apresenta restrições operacionais ligadas ao tipo de pavimento e à rampa máxima que conseguem vencer, tanto vazias como carregadas, as quais limitam sua utilização em certas condições.
Outro aspecto importante é o peso sobre o eixo de tração dos caminhões, pois, quanto maior esse peso, maior a força aplicada sobre o pavimento, resultando em rampas mais acentuadas, vencidas até o limite em que as forças de resistência (R) sejam iguais à força disponível na roda (FR) ou à força de aderência (Fad). Esse peso é regulamentado pela legislação, e todas as CVC que trafegam em vias públicas estão limitadas a ele.
Em determinadas condições, onde as estradas são particulares, é possível utilizar o peso técnico sobre o eixo de tração, aumentando os limites de rampa que podem ser superados pelas composições.
Para que se possa trafegar com as CVC nas estradas de uso florestal, faz-se necessário o investimento de recursos financeiros para sua adequação e manutenção. Normalmente, quanto maior o PBTC (Peso Bruto Total Combinado)das CVC, maiores são as adequações que devem ser feitas, principalmente para a redução das rampas, e, via de regra, quanto melhor for a qualidade da malha viária florestal, mais produtiva será a operação de transporte de madeira.
Operacionalmente, a logística florestal, além das CVC, conta com algumas opções para acessar locais mais íngremes ou com pavimentos mais restritivos, através do baldeio e do uso de tratores equipados com guincho, por exemplo.
Dadas as possibilidades de se usar um ou mais tipos de CVC para transportar madeira, de quanto se investir na adequação de estradas e poder utilizar-se ou não tanto do baldeio quanto do apoio, que geram aumentos nos custos, e também de garantir a continuidade das operações em condições de chuva, a pergunta a ser respondida pelos gestores florestais é: qual a combinação de recursos técnicos ideal, que gera o menor custo logístico para uma determinada condição otimização dosflorestal?
Para se responder a essa pergunta de forma técnica, é possível a utilização de ferramentas matemáticas de apoio à tomada de decisão. O uso da Programação Linear é uma dessas ferramentas, em que, através de um conjunto de equações, consegue-se definir uma função objetivo, de minimizar custos, por exemplo, limitado a determinadas restrições, cujo resultado será a combinação ótima de recursos para determinada situação.
As grandes vantagens de se modelar matematicamente uma operação são as possibilidades de se gerarem cenários, nos quais podem ser simuladas diversas situações operacionais, obtendo respostas rápidas e objetivas para auxiliar os gestores florestais na tomada de decisões, otimizando recursos, diminuindo custos e mantendo a competitividade de seus produtos.