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Laércio Couto

Vice-presidente para a América do Sul da World Bioenergy Association

Op-CP-55

Extração de tocos de eucalipto para energia
Segundo relatório de 2017 da Indústria Brasileira de Arvores – Ibá, o Brasil possuía, naquele ano, 7,84 milhões de hectares plantados com eucaliptos, apresentando uma  taxa de crescimento da área plantada com esse gênero de 2,4% a.a. nos últimos 5 anos.
 
Dentre os estados com a maior área plantada de eucaliptos no País, destacam-se Minas Gerais, com 24%, São Paulo, com 17%, e Mato Grosso do Sul, com 15%, com uma tendência para este último, dentro em breve, superar os demais. Desde o início de sua introdução no Brasil, a capacidade de brotação dos tocos remanescentes das árvores, após a colheita,  levou as empresas florestais  a optarem pelos sistemas de talhadia simples e talhadia composta no manejo dos povoamentos desse gênero, em detrimento do sistema de alto fuste.
 
Dessa maneira, durante muito tempo, o sistema silvicultural adotado no Brasil para o manejo e a condução das plantações de eucaliptos foi o de talhadia simples, com o primeiro corte realizado entre cinco e sete anos de idade e dois cortes subsequentes da primeira e segunda brotação dos tocos, num ciclo total de quinze a vinte e um anos, quando, então, os plantios são reformados e novos clones são plantados.
 
Em face desse sistema adotado pela maioria das empresas florestais do Brasil, é possível encontrar, ainda hoje, áreas imensas de reflorestamentos com eucaliptos onde a presença de tocos na área dificulta sobremaneira o preparo da mesma para um novo plantio. A necessidade de se mecanizar algumas operações de plantio e de manutenção dos povoamentos levou a maioria delas a plantarem nas entrelinhas dos plantios originais ou na mesma linha de plantio, entre os tocos, resultando em um número cada vez maior de tocos por hectare. 
 
A busca de uma solução para esse problema passou, inicialmente, pelo desenvolvimento de equipamentos que tinham como objetivo a destruição mecânica desses tocos, sendo que vários deles se encontram operando com sucesso no Brasil. No entanto a crescente demanda por biomassa para energia em nosso País estimulou os setores acadêmicos e empresariais a buscarem novas soluções, que permitissem também o aproveitamento dos tocos e das raízes maiores a eles ligadas, para a produção de biomassa para energia.
 
Um estudo dessa técnica, em nível de mestrado, foi realizado na Esalq-USP, em Piracicaba, em 2013, envolvendo o uso de uma escavadora munida de uma pinça, comparando-a com uma serra tubular adaptada em um trator agrícola. No setor privado, duas empresas em parceria, uma do Paraná e outra de São Paulo, desenvolveram um conjunto de pinças hidráulicas instaladas em uma escavadora, mais pesada, que, ao lado de gruas e picadores, realizaram a extração de tocos de eucaliptos em uma área piloto em São Paulo.

Os tocos extraídos foram processados em cavacos para energia, separando-os das partículas do solo que acompanhavam as raízes, por meio de peneiras, deixando o site em condições adequadas para o estabelecimento de novas plantações. As empresas florestais estão estudando a possibilidade de utilizar esse novo sistema na remoção dos tocos de eucaliptos de suas áreas, após as operações de colheita, o que lhes permitirá uma redução substancial no custo da implantação e da manutenção dos novos plantios, bem como gerar uma receita adicional com a produção de biomassa para energia. Não há dúvidas de que novos desenvolvimentos deverão ocorrer nessa área específica, visando, sempre, reduzir o custo dessa operação.

O equipamento recentemente desenvolvido e testado consegue extrair de 6 a 8 tocos por minuto, dependendo do diâmetro dos mesmos e do tipo de solo onde o povoamento foi estabelecido. Em terrenos arenosos, é possível obter um rendimento maior e uma menor contaminação dos cavacos por partículas do solo.
 
Pode-se dizer que a extração dos tocos de eucaliptos em uma área a ser renovada apresenta uma série de vantagens, tais como: a) possibilidade de aproveitar o mesmo alinhamento de plantio anterior; b) custo mais baixo do que o do rebaixamento mecânico dos tocos; c) eliminação dos custos com aplicação de herbicidas usados para eliminar brotação indesejada dos tocos nas áreas renovadas; d) possibilidade de se usar tratores de pneus nas operações na área destocada, em substituição aos tratores de esteira; e) descompactação do solo; f) permitir o cultivo mínimo; g) aumentar a produtividade física do povoamento como resultado da maior penetração de águas de chuvas no solo; h) geração de uma receita extra com a produção de 20 a 30 toneladas de cavacos de tocos por hectare.
 
Esse novo sistema de destoca e aproveitamento dos tocos para produção de biomassa para energia representa mais uma inovação no setor florestal brasileiro e vai facilitar o preparo das áreas para a renovação das plantações de eucaliptos no Brasil.