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Eduardo José de Mello

Vice-presidente de Melhoramento Genético da FuturaGene

OpCP63

Diversidade e inovação
Você aceitaria participar de uma iniciativa inovadora que poderia mudar a história do setor de florestas plantadas? E se essa iniciativa tratasse de um tema considerado polêmico para alguns setores da sociedade?  Ainda assim, você aceitaria?
 
Em 2010, a Suzano decidiu desbravar esse caminho. O objetivo era avançar com uma pesquisa já em andamento destinada a viabilizar a aprovação para uso comercial de um eucalipto geneticamente modificado (GM), visando a uma maior produtividade. Mas os desafios iam além. Era preciso aperfeiçoar o protocolo de transformação genética para que outros clones de eucalipto também pudessem ser modificados de forma rápida, eficiente e com baixo custo. Isso habilitaria a Suzano a inserir outros genes de interesse no eucalipto, repetindo, no setor florestal, o sucesso já conhecido na agricultura com o uso intensivo da biotecnologia. 

Essa é parte da história protagonizada pela Suzano na biotecnologia florestal. Ela teve início em 1998, quando a empresa decidiu investir em um projeto de transformação genética, com equipe e recursos próprios, e acelerou, em 2001, data em que a empresa firmou um acordo bem-sucedido com a então startup israelense CBD Technologies, hoje denominada FuturaGene.
  
Por meio dessa parceria, entre 2006 e 2007, foram plantados os primeiros experimentos com eucalipto GM no estado de São Paulo. Como resultado, a empresa conseguiu desenvolver o evento de transformação dessa variedade de eucalipto, que, desde a fase juvenil, já demonstrava ganhos significativos de produtividade em relação ao clone original. Em 2010, diante dos resultados promissores e confiante no potencial da biotecnologia, a Suzano adquiriu a FuturaGene, que se tornou, então, parte integral da Suzano e pioneira em biotecnologia florestal no mundo. 

Em 2015, após intensos estudos de biossegurança, a FuturaGene obteve aprovação, para uso comercial, dessa variedade de eucalipto para aumento de produtividade e de seus derivados.  O reconhecimento, pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), de que esse eucalipto geneticamente modificado é seguro para o meio ambiente, para a saúde humana, animal e vegetal é um marco determinante para a eucaliptocultura, demostrando o pioneirismo e a competência brasileira nesse setor.

Esse eucalipto foi e continua sendo o primeiro eucalipto GM a ser aprovado para uso comercial no mundo, e a FuturaGene, a primeira empresa brasileira privada a submeter e obter aprovação para uso comercial de uma planta geneticamente modificada. O que parecia um sonho transformou-se em realidade! O setor de florestas plantadas brasileiro conseguiu se capacitar para liderar um projeto completo de eucalipto GM, do protocolo de transformação genética aos testes de campo, passando pelos estudos regulatórios, até a conquista da aprovação comercial pelo órgão regulador.
 
E, nessa trajetória, o pipeline da FuturaGene se ampliou e se solidificou. Além dessa e outras tecnologias voltadas ao aumento de produtividade, também nos dedicamos a desenvolver eucaliptos GMs com as características que tanto fazem sucesso na agricultura, ou seja, tolerância a herbicidas e resistência a insetos. Essas tecnologias estão em fase de estudos regulatórios, etapa que antecede a submissão para aprovação comercial. Todas essas tecnologias trazem ganhos de competitividade atrelados a benefícios socioambientais, como, por exemplo, redução da área necessária para plantio, uso mais eficiente dos recursos, entre tantos outros.
 
Embora a área plantada com eucalipto geneticamente modificado seja ainda limitada e restrita à experimentação, no setor agrícola, a realidade é diferente. Segundo a ISAAA (em português, Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações de Agrobiotecnologia), a área plantada no mundo  com  soja, milho,  algodão e outras culturas GM soma 200 milhões de  hectares. A ampla adoção dessa tecnologia pelos agricultores tem colaborado para o desenvolvimento de uma agricultura mais sustentável e lucrativa. 
 
Ao fazer uma retrospectiva dessa parceria entre Suzano e FuturaGene, uma pergunta vem à tona: como foi possível desenvolver a biotecnologia do eucalipto sem a participação das grandes empresas transnacionais que dominam esse segmento da agroeconomia mundial? 
 
A resposta é o poder da união de diferentes expertises e culturas quando o assunto é inovação. A FuturaGene possui um centro de pesquisa em Israel e outro no interior de São Paulo, onde atuam pesquisadores de inúmeras nacionalidades, além dos israelenses e brasileiros. Essa diversidade cultural e acadêmica gera um ambiente muito fértil para a inovação. 
 
Com respeito e espírito de colaboração, os times de pesquisadores atuam em sinergia e transformam as diferenças de idioma, calendário e fuso horário em elementos que enriquecem a convivência e que possibilitam crescer no campo profissional e pessoal. Como exemplo, para lidar com a distância física, adotamos a videoconferência no nosso dia a dia, com extrema eficiência, uma década antes de a pandemia da Covid-19 nos obrigar a trabalhar on-line. Aprendemos a valorizar as diferenças e transformá-las em uma poderosa ferramenta em prol de um propósito único que nos move diariamente: inovar para a sustentabilidade.
 
A inserção da indústria brasileira de base florestal na bioeconomia passa por evoluirmos em conhecimento e expertise biotecnológico. Ao embarcar nessa trajetória, a Suzano, mais uma vez, colocou em prática seu DNA inovador e, como resultado, acelerou o desenvolvimento tecnológico da indústria florestal global. 
 
A aquisição da FuturaGene foi fator preponderante para avançar nessa direção, buscando inovação e sustentabilidade nas bases sólidas do conhecimento científico e da cooperação internacional.