O Brasil possui condições de clima e solo que o colocam em posição de destaque mundial na produção de pínus e eucalipto, possuindo uma área de florestas plantadas de nove milhões de hectares, de acordo com o último anuário da Ibá, realizado em parceria com o Instituto Brasileiro de Economia, da FGV.
No entanto essas mesmas condições favoráveis à produtividade também contribuem para intensos e constantes ataques de pragas, levando a grandes danos econômicos. A principal praga do setor florestal são as formigas cortadeiras do gênero Atta e Acromyrmex. Como Lima Barreto fala em seu livro Triste fim de Policarpo Quaresma, o Brasil tem a vantagem de ter um solo "em que se plantando tudo dá".
Mas, como o nosso herói patriota do livro descobre no final, as formigas brasileiras conseguem virar o jogo dessa vantagem de clima e solo. Embora elas estejam presentes por toda a América do Sul, América Central e sul da América do Norte, as formigas encontram no nosso País um cenário favorável, o que permite sua ampla distribuição em todo o território nacional.
Um formigueiro com 10 milhões de formigas é capaz de consumir até uma tonelada de folhas por ano, podendo causar uma redução de até 50% na produção de madeira ou a mortalidade de 100% de plantios jovens. O controle de formigas cortadeiras e a busca por novos produtos são desafios contínuos e devem ser realizados sempre de forma responsável, considerando a eficácia do controle e os aspectos ambientais e sociais.
Além dos desafios técnico-operacionais relacionados às formigas cortadeiras, algumas discussões nacionais e internacionais precisam ser monitoradas constantemente. Nesse sentido, a Ibá – Indústria Brasileira de Árvores, associação responsável pela representação institucional da cadeia produtiva de árvores plantadas, vem atuando em diferentes fóruns, buscando novas estratégias de manejo e evitando restrições à defesa florestal, com o intuito de promover o controle de formigas cortadeiras.
Devido às características das formigas cortadeiras, o controle dessa praga por meio de manejo integrado é um grande desafio. Trata-se da integração, de maneira responsável, de diferentes técnicas para proteger as florestas plantadas contra pragas. Essas técnicas têm como premissa o monitoramento, a avaliação da real necessidade de controle e a escolha do método a ser utilizado, incluindo o uso de defensivos.
O setor de base florestal tem adotado, com muito sucesso, o manejo integrado para uma diversidade de desafios. Toda essa expertise foi aplicada na questão de formigas cortadeiras. Mais de oito mil métodos de controle e princípios, incluindo ativos naturais e químicos, já foram testados para o controle de formigas, resultando em pouquíssimos métodos eficazes, viáveis ou permitidos pela legislação vigente.
A eficácia tem se apresentado com recursos químicos usados com responsabilidade, como iscas formicidas à base de sulfluramida, atualmente o método mais eficiente, e iscas formicidas à base de fipronil, para o controle de formigas do gênero Acromyrmex e formigueiros pequenos do gênero Atta.
O tema faz parte de um debate mundial que integra a Convenção de Estocolmo, tratado sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (POP). A Ibá participa ativamente dessas discussões junto ao Ministério da Agricultura, Ministério do Meio Ambiente, Embrapa, grupos de pesquisas, entre outros fóruns.
O setor acredita que é fundamental adotar práticas que minimizem qualquer tipo de risco ao homem e ao meio ambiente, mas a proibição abrupta de produtos com eficácia comprovada sem alternativas viáveis comprometeria totalmente a manutenção de plantios florestais de todas as idades.
O setor acredita que as decisões precisam ser tomadas com base em conhecimento e ciência compartilhada, por isso buscamos integrar mais debatedores ao tema, como o FSC – Forest Stewardship Council, que, após 10 anos de discussão, publicou, em 2019, a Nova Política de Pesticidas, que passou a considerar a análise de risco do ingrediente ativo, suas circunstâncias de uso, características do local e aplicação.
Além disso, outro trabalho importante é no sentido de reforçar conhecimentos socioambientais e boas práticas no manejo de pragas. Com o objetivo de demonstrar o compromisso com a sustentabilidade e com o controle responsável de pragas, o setor florestal brasileiro busca comunicar, de maneira simples e objetiva, as práticas que vêm sendo desenvolvidas em relação ao tema, como os vídeos desenvolvidos em parceria Ibá e Ipef – Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais, sobre Formigas Cortadeiras e Controle Biológico.
O controle de formigas cortadeiras é um desafio constante. A Ibá vem dialogando com pesquisadores, institutos de pesquisa e empresas químicas sobre a importância e as oportunidades de mercado de metodologias alternativas para o controle de formigas, passíveis de aplicações em escalas operacionais.
O setor florestal precisa garantir a produtividade e, para isso está, constantemente, buscando aperfeiçoar suas práticas de manejo, incluindo o controle de pragas, mas sem abrir mão do cuidado com o homem e o meio ambiente. A solução precisa vir por meio de um caminho construído de forma conjunta, sem unilateralidades.
Esse trabalho compartilhado permite que o mundo inteiro tenha acesso a produtos sustentáveis com origem ambientalmente adequada, a partir das árvores cultivadas em solo brasileiro. O cuidado no campo mantém as florestas plantadas saudáveis, provendo serviços ambientais, como remoção de CO2, um dos gases do efeito estufa. Empenho no hoje com olhos voltados para um planeta futuro melhor para todos.