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Rafaela Lorenzato Carneiro e Admir Lopes Mora

Coordenadora e ex-coordenador do PPGF - Programa de Preparação de Gestores Florestais, respectivamente

Op-CP-48

Um algo mais para o engenheiro florestal recém-formado
E agora? Terminei o curso e vou trabalhar em que área? Em que setor? Ou será que continuo estudando e me preparo melhor para enfrentar o exigente mercado? Essas e outras perguntas fazem parte do universo dos engenheiros florestais recém-formados. O cenário: Inúmeras atividades existentes nos diferentes segmentos que compõem o setor florestal podem ser executadas, de forma eficaz, por diferentes profissionais capacitados para tal. Um deles é o engenheiro florestal.
 
De acordo com informações extraídas do site do Serviço Florestal Brasileiro, o primeiro curso de engenharia florestal foi instalado no Brasil em 1960, na Universidade Federal de Viçosa. Foram criadas mais 7 escolas na década de 1970, 5 escolas na década de 1980 e mais 5 na década de 1990, perfazendo um total de 20 escolas até o ano 2000. Segundo levantamento do INEP, a partir do Censo da Educação Superior, no ano de 2015, foi contabilizado o total de 60 instituições de ensino superior, que contam com 71 cursos de bacharelado em engenharia florestal, todos na modalidade presencial. Esse número crescente e acelerado de cursos se deve à demanda da sociedade, do mercado e da política educacional. Admitindo-se que, de cada curso, 15 alunos concluam a graduação, é de se esperar que, a cada ano, tenha-se mil novos engenheiros florestais. 
 
Somente com esse foco, sem considerar a formação de outros profissionais (agrônomos, biólogos, entre outros), constata-se que a concorrência é muito forte e que os processos seletivos na busca dos melhores e mais preparados engenheiros florestais recém-formados serão cada vez mais intensos e competitivos.
 
A percepção: Diante desse cenário, em 2010, vários diretores florestais, em sua reunião anual, se sensibilizaram com a ideia do engenheiro florestal Antonio Joaquim de Oliveira, atual CEO da Duratex. Havia a percepção de que os recém-formados demoravam para desempenhar suas funções e que, em algumas vezes, havia o desperdício de tempo e de recursos com essa falta de sintonia profissional.
 
A ideia era oferecer um treinamento intensivo para que um grupo seleto de engenheiros florestais, recém-formados e sem nenhum vínculo com qualquer empresa ou instituição, pudessem receber informações adicionais de caráter administrativo, financeiro, gestão de pessoas, entre outras, de maneira a propiciar uma transição mais rápida e eficaz da fase estudantil para a profissional. Dessa forma, haveria uma preparação mais eficiente para enfrentar o mercado de trabalho e, principalmente, ter um melhor desempenho inicial.
 
A realização: Para a execução dessa proposta, o IPEF – Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais foi desafiado. Sob a liderança do professor Luiz Ernesto George Barrichelo, o desafio foi aceito, pois, no DNA do IPEF, existia o treinamento de profissionais em um estilo acadêmico, desde sua criação, em 1968. Após várias reuniões, um novo modelo de treinamento foi elaborado. Graças ao suporte financeiro e operacional de 12 empresas associadas ao IPEF, em janeiro de 2011, foi iniciado o PPGF – Programa de Preparação de Gestores Florestais. Para isso, foi montada uma nova sala com todos os recursos audiovisuais e inaugurada pelo Dr. Antonio Sebastião Rensi Coelho, um dos mais atuantes formadores de profissionais no setor florestal brasileiro.
 
A iniciativa foi inovadora para a época, pois, além de ser gratuito, as inscrições foram abertas para todos os engenheiros florestais de todas as escolas do Brasil. Foram selecionados 20 candidatos oriundos de 9 diferentes instituições. O curso teve a duração de 6 semanas, com palestras e visitas às empresas patrocinadoras. 
 
A integração entre os engenheiros e os profissionais das empresas que ministraram palestras foi o ponto marcante, pois havia uma conexão mútua, através da transferência de conhecimento e aprendizado. Outro ponto importante a ser salientado é que nem os participantes e nem as empresas patrocinadoras tinham qualquer obrigatoriedade de contratação. Se um participante desejasse seguir outro caminho (pós-graduação, outra empresa não associada ao IPEF, empresa própria, outras), ele tinha livre escolha. Assim, o programa prevê que esse profissional estará mais bem preparado para exercer a profissão onde desejar.
 
Historicamente, em média, 10 empresas patrocinam e apoiam cada ciclo. Já foram realizadas 6 edições, sendo que as empresas Duratex, Fibria, International Paper, Klabin, Suzano e Veracel estiveram presentes em todas. Os resultados: Foi e é um aprendizado constante para todos os envolvidos nesse processo. Com as sugestões dos participantes, dos profissionais das empresas e também diante dos acontecimentos no setor, ajustes são realizados e, a cada ciclo, acrescentam-se melhorias.
 
Após 6 edições, o PPGF contribuiu para o aprimoramento de 118 participantes. Tem-se observado que, na maioria das vezes, cerca de 65% são selecionados para atuarem nas empresas patrocinadoras. Os testemunhos da maioria dos envolvidos são positivos. Os participantes relatam que começaram a desempenhar as suas atribuições com mais segurança, determinação e entendimento da sua função como engenheiro. Alguns dos participantes das primeiras turmas já estão ocupando cargos de comando de equipes e colocando em prática os aprendizados adquiridos no PPGF. Por sua vez, as empresas patrocinadoras, além do contato direto com os participantes durante as palestras, também têm a oportunidade de efetuar uma nova seleção em um grupo de profissionais que já entenderam melhor quais são as possibilidades de atuação, não só no âmbito técnico, mas também no âmbito gerencial. 
 
Já o IPEF tem a certeza de que está atuando fortemente em um dos seus objetivos estratégicos, contribuindo para suas empresas associadas e também para a sociedade. A preparação prévia: Diante do cenário exposto e também das observações efetuadas durante os ciclos, pode-se dizer que a preocupação do aluno, em sua maioria, é restrita ao conhecimento técnico. 
 
Entretanto, durante os cinco anos do curso, é possível e necessário desenvolver outras habilidades socioemocionais e competências através da realização de estágios em diferentes ambientes, participação ativa em atividades extracurso (Empresa Jr., Centro Acadêmico, etc.), além da realização de algumas disciplinas ou estágios no exterior. O domínio da língua inglesa é fundamental.

Outro ponto importante é que o currículo (o documento de apresentação) deve ser elaborado cuidadosamente, com informações que expressam o histórico das atividades desenvolvidas durante o período acadêmico. Com a dinâmica do mercado de trabalho, da economia e com as possíveis mudanças das leis trabalhistas, mais do que nunca, é a oportunidade de os futuros engenheiros florestais repensarem e se prepararem melhor para que consigam desempenhar, de forma eficaz, as suas atribuições.