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Xico Graziano

Secretário do Meio Ambiente de São Paulo

Op-CP-09

Planos florestais de longo prazo: governo e empresas na agenda sustentável

As demandas sociais, em um futuro muito próximo, estarão fortemente pautadas por questões relacionadas ao desenvolvimento sustentável, sejam elas globais ou locais. Esta visão traz para o presente, desafios para governos e empresas, no sentido de transformar restrições em oportunidades apresentadas pela sustentabilidade.

O setor florestal brasileiro tem exemplos concretos sobre casos de mudanças e inovações, que passaram a valorizar o ambientalmente correto, o economicamente viável e o socialmente benéfico. Responsável por um produto da ordem de US$ 27,8 bilhões em 2005, ou 3,5% do PIB nacional, e 8,4% das exportações, o setor florestal é composto por diversos segmentos produtivos, como o de celulose, papel, madeira industrializada, móveis, siderurgia a carvão vegetal e uma infinidade de produtos não-madeireiros, provenientes dos diferentes biomas, e que geram trabalho e renda para milhares de pequenos produtores familiares e comunidades tradicionais.

Durante as últimas duas décadas, tem-se observado uma grande pressão da sociedade civil contra o desmatamento de áreas naturais e também sobre setores da economia, entre eles a indústria de papel e celulose, para que reduzam ou eliminem emissões, efluentes e desperdícios, em suas operações industriais. A crescente percepção socioambiental dos consumidores é um fenômeno que tem influenciado os mercados, sejam internacionais ou domésticos, a demandar dos setores produtivos que suas atividades e produtos se-jam sustentáveis e contribuam para a conservação da biodiversidade e demais recursos naturais.

As principais vantagens da adoção dessas práticas pelas empresas têm gerado benefícios, como o aumento da credibilidade e responsabilidade ambiental e social da instituição, a possibilidade de acesso a novos mercados e a diferenciação e valorização dos produtos e serviços. Ao longo dos últimos anos, segmentos inovadores do setor florestal vêm se valendo de práticas não convencionais de política ambiental, como os chamados “instrumentos de comunicação”, para melhorarem seus procedimentos de gestão, tais como os de certificação ambiental e florestal.

A certificação é uma decisão voluntária das empresas e atesta a origem e características de seus processos e produtos florestais, segundo princípios e critérios preestabelecidos de qualidade e sustentabilidade. Esse quadro desfavorável, vivido por segmentos do setor, foi revertido em pouco mais de uma década, e já apresenta resultados bastante expressivos.

A área de floresta certificada no Brasil é, hoje, de aproximadamente 5,8 milhões de ha, sendo 3 milhões de florestas plantadas (principalmente eucalipto e pinus) e 2,8 milhões de ha de florestas nativas. Isto significa que estas florestas estão sendo manejadas, de acordo com padrões de sustentabilidade e os produtos do manejo florestal serão insumos como sementes, toras, toretes, lenha, madeiras, óleos e outras essências, que suprirão toda uma cadeia produtiva, que agregará valor socioeconômico e ambiental no processo de beneficiamento e consumo final.

Ademais, segundo dados da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas, o percentual médio de áreas nativas protegidas, com base na área total plantada, é de 32,2%, na forma de Reserva Legal, Área de Preservação Permanente e Reserva Particular do Patrimônio Natural. Uma outra oportunidade para o setor são as fontes de recursos, provenientes do pagamento por serviços ambientais, como a fixação de carbono, a proteção de mananciais, a proteção da biodiversidade e o equilíbrio climático.

Em diversos países desenvolvidos, já existem fundos de investimento para beneficiar projetos com componentes de conservação florestal. Entretanto, este processo geral de internalização do conceito de sustentabilidade e a compreensão das oportunidades efetivas nos negócios têm evoluído de forma diferente nos segmentos produtivos e em relação ao porte das empresas e marcos regulatórios. Portanto, as trajetórias em direção à adoção de estratégias sustentáveis diferem entre setores da economia.

Nesta perspectiva, o agronegócio tem uma agenda a ser construída, para incorporar a dimensão socioambiental, no seu modelo de desenvolvimento. Justamente pelo tamanho que representa e a oportunidade de crescimento que tem, o setor também deve adotar práticas de responsabilidade social e ambiental, mudando a visão de curto, para longo prazo.

E nesse panorama, a idéia de desenvolvimento sustentável possibilita olhar para o todo, aproveitando suas claras vantagens na agenda ambiental. Por sua vez, os governos também têm uma grande responsabilidade na formulação e gestão de instrumentos de política ambiental, que potencializem as oportunidades apresentadas pela sustentabilidade, seja propondo avanços legais, seja implementando programas setoriais.

E nesse sentido, o governo de São Paulo, através da Secretaria de Meio Ambiente, está implementando 21 projetos ambientais estratégicos, com diretrizes nas mudanças climáticas, e reflexos do aquecimento global, no desenvolvimento sustentável e na gestão eficiente. Entre esses projetos, 9 estão relacionados direta ou indiretamente ao setor florestal, na perspectiva da produção, recuperação e conservação. São eles: Desmatamento Zero, Ecoturismo, Gestão de Unidades de Conservação, Mata Ciliar, Município Verde, Pesquisa Ambiental, Recuperação Socioambiental da Serra do Mar e São Paulo Amigo da Amazônia.

A experiência mostra que, na agenda da sustentabilidade, o melhor caminho passa pelo estabelecimento de parcerias entre o governo e as empresas, sempre acompanhadas, com absoluta transparência, pela sociedade civil. Protocolos de cooperação, com clara definição da agenda comum, auxiliam na busca de soluções efetivas, para vencer os problemas ambientais e produzir um futuro promissor, para o setor florestal, tanto quanto para o Planeta Terra.