As atividades de colheita nas rotinas de produção florestal são as maiores detentoras de tecnologia operacional e que expressam com grande rapidez o resultado de todo o planejamento estratégico focado nas demandas dos clientes. Atingimos, hoje, um nível de produção e de custos de patamares bastante competitivos, decorrentes de anos de experiência, acompanhamento da evolução tecnológica dos equipamentos e do desenvolvimento de métodos operacionais que focaram a otimização dos recursos mecanizados.
Iniciada na Duratex em 1995, a colheita mecanizada mudou radicalmente nossos resultados de rendimentos e de custos decorrentes dessa atividade. Optamos, na época, por uma operação com retorno de investimento de longo prazo, mas que acreditamos, corajosamente, ser muito mais sustentável no médio/longo prazo, uma vez que já visualizávamos falta de mão de obra local para operar a colheita semimecanizada com motosserristas.
A questão de saúde e segurança também foi fator relevante para essa decisão, pois focamos na melhora de condições ergonômicas de trabalho para essas atividades por meio das máquinas específicas de colheita florestal. Essas projeções só foram identificadas por meio dos cenários prospectados pelo planejamento de longo prazo, atividade permanente na nossa agenda de trabalhos, a qual concatenou diversas variáveis e traçou planos de recuperação gradativa dos altos investimentos feitos.
Atualmente, nossa escala de ganhos na colheita em termos operacionais e, consequentemente, em custos, é menor, e nosso desafio será obter pequenos e constantes ganhos focados na gestão, esta orientada por uma rotina atuante e persistente de acompanhamento de resultados feita por meio do Sistema de Gestão Duratex, SGD, utilizado em toda a companhia.
A base desse sistema é fundamentada no PDCA, ferramenta de gestão composta por quatro etapas, que, na nossa sistemática de trabalho, descrevemos com: planejamento detalhado das atividades, execução do planejamento, acompanhamento dos resultados preconizados e atuação sobre os desvios. Seguimos, invariavelmente, essas etapas e envolvemos equipes multidisciplinares para a obtenção das metas estipuladas para os ganhos previstos.
Outras linhas de atuação para os ganhos na colheita abordam demais variáveis relevantes como a capacitação dos nossos operadores, com foco não só no rendimento, mas também na manutenção mecânica das máquinas; classificá-los em níveis de performance de modo que todos busquem os melhores resultados e replicar de modo integrado e colaborativo as melhores práticas operacionais, tudo isso sem perder de vista os movimentos de modernização alinhados à era digital (Agricultura 4.0).
Os recursos digitais, como tecnologia embarcada com computadores de bordo, sensores que monitoram e registram as etapas e o desempenho das atividades, módulos de calibração eletrônica e apontamento e disponibilização de dados operacionais em tempo real já são ferramentas de mercado para atividades de campo e dão subsídio para tomadas de decisões estratégicas, possibilitando a visão dos cenários produtivos globais e também detalhados. Tudo isso facilita a gestão da operação e permite que os responsáveis pelos processos tenham mais tempo para tratar a qualidade dos produtos finais.
Na Duratex, isso já é uma realidade que vem sendo incorporada gradativamente na rotina dos nossos gestores através de recursos como apontamentos de campo de forma digital, com tablets e demais tecnologias embarcadas que já compõem os equipamentos que adquirimos.
A diversidade de produtos também é um fator que nos fez evoluir e nos traz desafios diariamente. Nosso portfólio abrange as necessidades de diversos clientes, que atualmente são nossas fábricas e também clientes externos, estes desenvolvidos em função das oportunidades do nosso modelo de negócios. Dessa forma, nossa oferta de produtos contempla: madeira processada com e sem casca, toras para serraria com diversos sortimentos e, mais recentemente, cavaco para geração de energia.
Operar todas essas realidades demanda, além do alinhamento tecnológico com uso de equipamentos de ponta, o exercício da criatividade e da inovação para racionalizarmos ao máximo os recursos humanos e as soluções para as dificuldades operacionais encontradas no campo.
Exemplos de adaptações e adequações desenvolvidas conjuntamente no setor florestal nos últimos anos são: operação de processamento da madeira com garra traçadora no interior das quadras para baldeio com forwarders, uso de garras traçadora com máquinas base de grande porte (35 t) e cabeçote de grande autonomia (1 m²), aumento das caixas de carga dos forwarders, desenvolvimento de sensores de medição de comprimento para processamento com garras traçadoras, aplicação de herbicida na derrubada com feller buncher, uso de caminhões extra pesados carregados no interior das quadras, com posterior transporte direto para a fábrica, e aumento dos tanques de combustíveis das máquinas, permitindo maior autonomia operacional.
Esses são alguns dos exemplos de soluções geradas não apenas pelos gestores e áreas de apoio envolvidos com a colheita, mas também pelos colaboradores que operam os equipamentos. Ouvir e aplicar as sugestões de melhorias contínuas das pessoas que materializam a produção é extremamente relevante dentro de um processo de evolução operacional.
Por fim, de tudo que foi abordado, a questão mais estratégica para a Duratex, e que deve reger todos os movimentos, planejamento e iniciativas nos processos de colheita, são as necessidades dos clientes, que demandam padrões diferentes, obviamente de volume, mas, sobretudo, de qualidade com processos seguros.
O equilíbrio entre custos e qualidade desejada para produção de cada m³ de painel produzido ou de madeira vendida deve ser o maior diferencial dentro do aspecto competitivo no mercado, e, dentro desse contexto, a colheita deve se adequar para que os resultados almejados pelos clientes e fornecedores sejam otimizados e interessantes para ambos.
Independente de aonde queremos chegar, que produto entregar, com que tempo e valor, para o sucesso de uma atividade de colheita, é imprescindível percorrer com extremo cuidado cada etapa do planejamento. É como construir uma casa, em que economizar no projeto pode significar despesas e dores de cabeça pela frente. E o planejamento não termina ao iniciar as atividades.
As etapas de correção de rumos pós-análises de desvios são críticas para aprimorar os processos e ter sustentabilidade nos custos e resultados. Uma atividade de colheita e a consequente logística de transporte podem responder por mais de 50% dos custos envolvidos na entrega de uma madeira ao seu destino final. Alocar profissionais excelentes e tomar as melhores decisões com planos adequados são condições fundamentais para o êxito do empreendimento.