Um dos desafios mais importantes do século XXI será encontrar uma forma de satisfazer as necessidades de uma população mundial crescente e, ao mesmo tempo, manter os nossos recursos naturais. Segundo previsões da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – FAO, a população mundial chegará a nove bilhões de habitantes em 2050, exigindo um aumento de 70% na produção de alimentos e elevando em 40% a demanda por madeira para uso industrial e geração de energia. A superação desses desafios passa, obrigatoriamente, pelas florestas.
As florestas plantadas para fins industriais já são reconhecidas por proverem produtos e serviços, utilizando os recursos naturais de forma responsável. Os plantios realizados em mosaicos, em que florestas naturais se intercalam com florestas plantadas de produção, asseguram importantes serviços ambientais, como a manutenção da biodiversidade, a regulação dos recursos hídricos e a mitigação da pressão sobre as florestas naturais, permitindo a preservação desses ecossistemas.
Até mesmo a colheita é feita de forma a pensar na preservação do meio ambiente, e os resíduos das árvores, como cascas, folhas e galhos, são deixados no local, o que garante a ciclagem de nutrientes, a retenção de umidade pela camada de resíduos e, consequentemente, a conservação do solo.
Além disso, a adoção de processos de gestão da paisagem no plantio das árvores, a recuperação de áreas degradadas previamente pela ação do homem e a preservação de matas nativas atuam para reduzir a concentração do CO2 na atmosfera, por meio da absorção desse gás, contribuindo, assim, para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
Em 2015, as áreas de plantio florestais no Brasil foram responsáveis por armazenar 1,7 bilhão de toneladas de carbono, além dos 2,5 bilhões de toneladas estocados pelos 5,6 milhões de hectares de áreas preservadas pelas empresas do setor na forma de Reserva Legal – RL, Áreas de Proteção Permanente – APP, e Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPN.
Aliado ao manejo florestal sustentável, os contínuos investimentos em pesquisa e tecnologia pela indústria brasileira de árvores plantadas garantem uma produção cada vez mais sustentável e colocam o País na vanguarda para o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono.
A inovação tecnológica levará ao cultivo de árvores com características específicas, tais como maior produtividade – o Brasil já detém, hoje, a maior produtividade florestal do mundo –, quantidade de fibras e resistência a pragas, à seca, ao frio ou à salinidade, particularmente relevantes em razão dos efeitos das mudanças climáticas. As árvores produzirão materiais mais leves e resistentes e poderão fazer muito mais com o avanço dos estudos em nanocelulose, fibras, cristais e biorrefinaria.
As árvores plantadas já nos fornecem, hoje, matéria-prima para a produção de itens essenciais do nosso dia a dia – madeira, papel, celulose, pisos laminados, painéis de madeira, carvão vegetal para produção de aço – e tem potencial para fornecer até cinco mil itens diferentes para o consumo humano.
Para que possamos extrair o máximo do potencial do setor, faz-se necessária também a superação dos entraves ao seu desenvolvimento, como a alta carga tributária de investimentos e gargalos de infraestrutura e logística. A importância da nossa atividade para uma economia de baixo carbono fica mais evidente quando verificamos também os benefícios financeiros para o Brasil.
A participação do setor de árvores plantadas no PIB nacional tem crescido a cada ano. Em termos marginais, cada hectare de árvores plantadas adicionou R$ 7,8 mil ao PIB do País. Para efeito de comparação, o complexo soja adicionou R$ 4,9 mil/ano por hectare plantado, enquanto, na pecuária, a contribuição foi de R$ 2,7 mil/ano. Esses dados fortalecem o setor e reafirmam sua importância na economia nacional.
Atualmente, as florestas plantadas brasileiras representam menos de 1% do território nacional e têm muito espaço e oportunidades para crescer. Apesar do ano difícil para a economia brasileira, o setor mostrou ainda boa resiliência para enfrentar tanto a crise político-econômica nacional quanto a desaceleração da economia chinesa. Mesmo diante de cenários desfavoráveis, nosso PIB setorial teve um aumento de 3% em relação a 2014. Da garantia de suprimento de matéria-prima para todos os usos da madeira – atuais e potenciais – a uma nova economia de baixo carbono, o futuro está nas árvores plantadas para fins industriais.