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Jozébio Esteves Gomes

Coordenador de Competitividade e Projetos Florestais da Eldorado Brasil Celulose

Op-CP-61

A nova era dos sistemas de proteção contra incêndios florestais
A proteção contra sinistros que possam causar danos aos ativos florestais sempre foi uma grande prioridade nas empresas de base florestal no mundo. Eventos como pragas, doenças, ventos e, principalmente, incêndios, sempre estiveram na mesa de discussão da mais alta gestão das empresas do setor florestal.

E é claro que, ao longo dos anos, muita coisa evoluiu em termos de melhorias de processos, infraestrutura de proteção e comunicação, para minimizar e até mesmo evitar esses eventos. Dentre essas evoluções, destacamos os sistemas de proteção contra incêndios, os quais mudaram radicalmente o jogo a favor das empresas, principalmente no quesito detecção e localização exatas dos focos de incêndios. 

E saber que, há cerca de alguns poucos anos, a grande maioria das empresas utilizavam a figura do “torrista”, que era um monitor especializado em detectar incêndios por meio de visualização instrumental com goniômetros. As suas limitações eram evidentes, pois sabemos que, por mais que se esforçassem para ter o máximo de alcance visual, a visão humana é ainda limitada para grandes distâncias, e isso sempre refletia em uma baixa precisão das localizações exatas dos focos. 

Outras limitações também eram evidências quando se utilizava o monitoramento e a detecção por meio dos “torristas”, como limitação de altura de torre e período útil de trabalho, sendo esse último impossível de ser realizado à noite. Fatores também relacionados à segurança sempre foram de extrema preocupação das empresas de base florestal para essa atividade com utilização do monitoramento manual. 

Mas é das limitações que surgem os maiores saltos de inovações tecnológicas, e não poderia ser diferente para os sistemas de proteção contra incêndios das empresas de base florestal. Aproveitar-se da Quarta Revolução Industrial e capturar as sinergias para o ambiente florestal é o novo caminho para tornar as empresas mais competitivas e protegidas contra os eventos ofensores da cadeia produtiva florestal. 

E foi nesse caminho que seguiu a reinvenção dos sistemas de proteção contra incêndios, com processos totalmente automatizados, inteligentes e com precisão nunca vista. Hoje, grande parte das empresas possuem as suas centrais de monitoramento de incêndios integradas aos seus centros de inteligência florestal, dada a importância que ele possui frente à proteção dos seus ativos.
 
Hoje, as centrais de monitoramento de incêndios funcionam 24 horas por dia. E elas se utilizam das mais altas tecnologias de detecções automáticas, com software composto por algoritmos que realizam cálculos com tamanha velocidade e precisão, que permitem que as empresas ganhem tempo em seus respectivos acionamentos de brigadas de combate aos focos de ocorrência de incêndios. 
 
Com câmeras altamente potentes e com uma qualidade de imagens em alta resolução extraordinária, hoje é possível ter uma visão além do alcance do olho humano. Para se ter ideia, há sistemas que, em dias de boa visibilidade, garantem um raio de visada dos focos que estão distante em até 50 km das torres de observação. E tudo isso de uma forma instantânea e com uma altíssima velocidade de transmissão de dados, que permite a visualização em tempo real. 


Monitoramento de Incêndios por Câmeras e Sistema de Detecção Automática

Essas facilidades trouxeram os “torristas” do campo para as centrais de monitoramento, fazendo com que a visão dos ativos florestais, em tempo real, esteja a um click das suas mãos diuturnamente. 

E esses resultados das capturas dessas sinergias dos processos de inovações para o ambiente florestal só estão no início, pois as possibilidades são tantas, que podemos afirmar que a próxima onda de mudanças já está batendo à porta, com os satélites cada vez mais inteligentes, precisos, disponíveis no mercado e com uma capacidade de cobertura de grandes áreas que superam quaisquer tecnologias de monitoramentos terrestres implementadas até hoje.
 
É importante que as empresas de base florestal estejam prontas para a recepção dessa segunda onda de inovação, pois já se foi o tempo em que, para se internalizar e/ou implementar uma nova tecnologia disruptiva, eram necessários anos de preparação para a sua adequação a dinâmicas dos processos de produção das empresas.

Hoje, é tudo muito rápido; as tecnologias evoluem a passos largos e galopantes, não dando chances para aqueles que ainda são céticos de que há sempre uma possibilidade de ser mais eficiente, produtivo e competitivo. Nesse sentido, a chegada da transformação digital nas empresas de base florestal torna inevitável a abertura de um novo mundo de oportunidade, novas rotinas e até mesmo mudanças na forma de trabalho.

Com isso, os ganhos serão imensos, e os danos às nossas florestas, sejam plantadas e/ou nativas, serão drasticamente reduzidos, com o aumento da eficácia dos sistemas de proteção, principalmente contra os incêndios florestais. É claro que todo esse movimento requer imensas mudanças que remetem a grandes melhorias de processos e reduções de custo.

Porém é lógico que o sucesso dessas mudanças tecnológicas está extremamente atrelado à capacitação e ao treinamento de pessoas para os novos usos e as novas formas de trabalho, respeitando as suas peculiaridades e competências para que sejam os mais aderentes possíveis aos novos padrões tecnológicos.

Notoriamente, em todo o mundo, são perceptíveis os grandes impactos com a chegada da Quarta Revolução Industrial. Estudos de grandes universidades e renomados órgãos indicam um retorno de, aproximadamente, 10 dólares a cada 1 dólar investido em tecnologias 4.0. Mas é sabido que esse número pode variar de acordo com a etapa digital em que a empresa se encontra.

Torres de Monitoramento Autônomas com Alcance de até 50 km de visada 

No Brasil, por exemplo, as empresas do setor do agronegócio sempre trouxeram números muitos promissores de reduções de custos, aumento da produtividade e da competividade com a implementação de novas tecnologias voltadas para a automação dos processos de produção. Dessa forma, não há motivos para não se espelhar nessas experiências, absorvendo as boas práticas tecnológicas, já amplamente testadas, e adaptá-las para as aplicações no campo florestal. 

Sendo assim, inspira-se a esperança de que a empresa de base florestal continue dentro desse movimento em busca das florestas 4.0, protegidas com os mais sofisticados sistemas de proteção e defesa contra incêndios florestais, e inovando em práticas que possam oportunizar ganhos tecnológicos e econômicos voltados às práticas produtivas e de proteção ambiental das nossas florestas.