Coordenador de Competitividade e Projetos Florestais da Eldorado Brasil Celulose
O grande dilema, na maioria das empresas de base florestal no mundo, sempre foi evitar a perda e os danos a seus ativos florestais causados pelo fogo. A pergunta que sempre vem à mesa quando se trabalha com planos de prevenção e combate a incêndios é: como alcançar a meta de fogo zero sem danos nos ativos florestais? Sabemos o quão difícil é a previsibilidade dessa métrica, uma vez que as fontes e as causas de incêndios nos povoamentos florestais são diversas e, em alguns casos, até mesmo desconhecidas.
No entanto, nesses últimos anos, as preocupações globais, principalmente com o meio ambiente e as emissões de CO2, vêm pressionando cada vez mais governos e organizações a atuarem de forma mais eficaz, na tentativa de minimizar os impactos causados por incêndios indesejáveis, o que leva ao desenvolvimento de novos processos de proteção, novas tecnologias e artifícios capazes de praticamente garantir a previsibilidade e a assertividade do monitoramento e da detecção e melhorando a eficácia dos combates a focos de incêndios.
Porém, o custo de uma prevenção e de um combate que evite ao máximo os danos aos ativos florestais ainda é alto e significativo para governos, empresas e instituições. Por isso a necessidade de dedicar mais inteligência nas ações de prevenção, para que permitam um combate cada vez mais eficiente e contribuam para a implementação de tecnologias disruptivas, e até mesmo inovadoras, voltadas exclusivamente às atividades de proteção contra incêndios florestais.
Claro que essas tecnologias e inovações ainda não substituem as clássicas e consagradas práticas convencionais de proteção da floresta quando o assunto é fogo. Ter um plano de prevenção e combate a incêndios florestais estruturado de forma inteligente e que possa ser aplicável, de forma eficiente, é um grande diferencial competitivo para evitar os danos nos ativos florestais, diminuindo riscos do negócio e até mesmo agregando valor ambiental às iniciativas de sustentabilidade das empresas.
Geralmente, um plano de prevenção inteligente está ancorado em 4 pilares fundamentais: prevenção, monitoramento/detecção, combate a incêndios e indicadores de inteligência, conforme demostra o quadro Plano de Prevenção a Incêndios Florestais.
A prevenção inteligente congrega todas as boas práticas que antecedem o período crítico para que todas as demais etapas do plano de prevenção tenham eficiência e sucesso em sua execução. Nessa etapa, os aceiros, as pistas de pouso e as estradas têm de ser revisitadas e mantidas, para que sejam plenamente utilizáveis durante os processos de combate a focos existentes.
Também é nessa etapa que os brigadistas devem ser treinados e requalificados anualmente, como garantia de que ninguém irá para o front do fogo sem a devida prática e conhecimento de combate, evitando riscos de acidentes e até mesmo a perda de vidas humanas. Outro ponto importante nessa etapa são as campanhas de difusão de informações úteis e conscientização sobre os riscos e danos causados pelo fogo, que vale para comunidades, vizinhos e parceiros, pois são eles que, em um momento de crise, estarão aptos a prestar quaisquer apoios ao monitoramento, à detecção e até mesmo à prática de combate aos focos existentes.
Já o monitoramento inteligente abriga a tecnologia e a inovação. Com poderosos sistemas de detecção munidos de inteligência artificial, as centrais de monitoramentos atuais são capazes de detectar até 30 focos simultâneos de incêndios em tempo real.
Isso é possível graças ao poderio tecnológico embarcado nas torres de monitoramento em campo, onde temos câmeras com alta capacidade de visão, equipadas com sensores de luz, termais e infravermelho, que conseguem capturar, de forma instantânea, quaisquer anomalias nos povoamentos florestais, conforme mostra a Central de Monitoramento e Detecção Inteligente da Eldorado Brasil.
Ainda dentro do monitoramento e detecção inteligente das ocorrências de incêndios, destacam-se os monitoramentos complementares, que contam com o uso de satélites, sensores e a mais recente novidade de mercado, aeronaves não tripuladas de longo alcance, com autonomia acima das 6 horas de voo, que permitem, além do monitoramento em tempo real, realizar o combate assistido, apoiando tomadas de decisões fundamentais para a eficácia da supressão do fogo.
Outro ponto importante considerado no monitoramento inteligente é a previsibilidade associada ao monitoramento climático, que permitem a antecipação e o conhecimento dos riscos aos ativos florestais em caso de incêndio. Para tanto, hoje, existem sistemas e algoritmos de alta performance especializados no processamento de informações climáticas, que liberam, de forma instantânea, informações de riscos de incêndios com precisão em uma determinada região, gerando também mapas de riscos futuros.
O combate eficiente é extremamente importante para o sucesso do plano de prevenção inteligente. É nessa etapa que toda ação irá provocar uma reação eficaz para supressão dos focos de incêndios fundamentais. É peça fundamental, nessa fase, a existência de um fluxograma que expresse, de forma simples, clara e eficiente, como se dará o atendimento às ocorrências, para que as equipes de combate possam ser despachadas de forma rápida.
Também nessa etapa, é importante a rotina do plantão florestal, para despacho de brigadistas, equipamentos e estruturas de apoio, bem como o despacho de aeronaves de combate (aviões e helicópteros). Para tanto, é importante ressaltar que todos os recursos destinados ao combate devem ser alocados de forma estratégica, reduzindo o tempo entre o despacho e o início do combate às ocorrências, otimizando estrutura, reduzindo custos e aumentando a eficiência do combate, evitando ao máximo quaisquer danos causados aos ativos florestais conforme demonstra o quadro o Plano de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais, em destaque.
Por fim, temos o pilar dos Indicadores de Inteligência, que são extremamente importantes para que possamos contar com análises robustas das informações obtidas durante o ciclo de prevenção e combate às ocorrências de incêndios. A missão é subsidiar e avaliar as estratégias adotadas, bem como propor a inserção de novas ações frente a oportunidades de melhorias que promovam o alcance da meta de incêndios zero, além de mapear as causas de incêndios e suas respectivas áreas críticas. Essa iniciativa gera um histograma de frequência dos períodos de criticidades que requerem maior estado de atenção para uma prevenção inteligente com um combate eficaz dentro das organizações.
Apesar de tudo, a aplicação correta de uma prevenção inteligente (com combate eficiente) para obtenção de resultados que levem a incêndios zero nas organizações dependem, em sua totalidade, de pessoas qualificadas, comprometidas, com conhecimento e experiências voltadas à segurança dos colaboradores, à proteção dos ativos florestais e ao respeito ao meio ambiente, contribuindo para uma prática produtiva sustentável, minimizando riscos, reduzindo custos e maximizando resultados positivos para as empresas de base florestal.