Engenheiro Florestal
Op-CP-06
Num momento em que o país debate seus índices de crescimento, cabem reflexões da contribuição do segmento de base florestal. Vários fatores têm engessado o setor, dentre os quais a lentidão, quase que generalizada no país, de alguns serviços públicos, na liberação dos projetos florestais, o que tem provocado atrasos nos investimentos, afetado gravemente os fluxos operacionais, levado a ferir condicionantes contratuais já firmadas com empreendedores e desestimulado potenciais investidores no país.
Não se discute a aplicação da lei, que deve ser cumprida a qualquer custo, mas as formas como os serviços públicos fazem para cumpri-la, beiram ao “apagão”, expressão já tão desgastada, mas presente em nossa realidade. A legislação que tutela os plantios florestais não é orientada para a produção. O vínculo com órgãos ambientais e a imposição de limitações legais e institucionais têm sido verdadeiros empecilhos ao rendimento sustentável do setor, e têm onerado diretamente a cadeia de produção de bens e serviços florestais.
Afinal, nenhum outro setor industrial ou agrícola brasileiro tem cumprido tão rigorosamente normas e leis ambientais. Não obstante, o ordenamento jurídico vigente, indiretamente, torna permissível manifestações de movimentos oportunistas, que têm por objetivo enfraquecer o setor, através de atos que ferem o estado de direito e promovem uma visão distorcida de fatos mistificados do passado, que continuam a abalar a opinião pública.
O setor produtivo tem se mostrado aberto ao aprendizado e tem induzido a um aprimoramento de suas práticas, que, até os anos 80, eram voltadas basicamente à produção e à rentabilidade do negócio, com poucas responsabilidades acessórias. A evolução tem levado à uma visão dirigida a práticas sustentáveis do negócio, com atuação empresarial, no âmbito da preservação ambiental e da promoção dos aspectos sociais.
Apesar dos esforços para melhor se comunicar com a sociedade, é lamentável que a discussão dos problemas ainda seja conduzida de forma ideológica, com premissas equivocadas, distantes de qualquer base científica. Os resultados do setor são ainda significativamente positivos, porém, muito aquém do potencial brasileiro. O país destaca-se por ser um importante player mundial, em área de floresta plantada, com segmentos industriais competitivos de celulose e papel, siderúrgico a carvão vegetal, produtos sólidos de madeira, móveis e painéis reconstituídos.
Até quando a alta produtividade florestal, custos competitivos de produção, disponibilidade de áreas com vocação florestal, mão-de-obra, domínio da tecnologia de produção e clusters estabelecidos, poderão suportar as vantagens comparativas e competitivas das atividades florestais brasileiras, reconhecidas mundialmente e motivo de grandes preocupações entre nossos competidores diretos?
O Setor Florestal ainda não recebe a devida atenção nas esferas do Poder Público, mesmo sendo competitivo e promotor da melhoria da qualidade de vida das populações rurais. Ações modestas, como a melhor gestão do cotidiano e de uma máquina pública que caminhe na mesma velocidade e direção, gerariam, ao segmento, condições para adicionar um considerável crescimento ao PIB nacional.
Deve-se continuar avançando na melhoria da legislação vigente, linhas de financiamento, incentivos ao pequeno produtor e aprimoramento de políticas florestais. Também é fundamental o claro entendimento da responsabilidade social, econômica e ambiental das partes e o tratamento da diversidade de idéias, que devem ser debatidas e mediadas, de maneira transparente, de forma proativa, em tempo hábil e, sobretudo, de maneira legal.
Por fim, não se pode pôr em risco todo este potencial e oportunidade de crescimento, por não se encontrar um caminho de racionalização operacional dos diversos órgãos públicos. Enquanto o Brasil for considerado apenas um país de futuro, sem ações concretas para mitigar ou reduzir os fatores que inibam o seu crescimento, continuará sendo meramente um país de futuro.