Conselheiro da SBS - Sociedade Brasileira de Silvicultura
Op-CP-05
A silvicultura brasileira apresentou, nos últimos 40 anos, crescimento extraordinário. Foram plantados 5 milhões de hectares, cuja produtividade quadruplicou no período. Saltamos de 15 para 60 metros cúbicos por ha/ano. São gerados 2,3 milhões de empregos diretos e indiretos, em toda cadeia produtiva. A participação dos produtos de origem das florestas plantadas no PIB é de 3%, com superavit comercial de 3,8 bilhões de dólares.
A competência dos pesquisadores e a capacidade empreendedora deram ao Brasil essa posição de liderança em nível internacional. Estima-se que mais de 100 milhões de dólares foram investidos em pesquisas e mais de 300 especialistas continuam com seus investimentos anuais superiores a 30 milhões de dólares. O sucesso técnico e econômico da silvicultura tem sido acompanhado de ações socioambientais importantes, para que a atividade conquiste legitimidade, junto à sociedade brasileira.
Tendo sua origem no estigmatizado incentivo fiscal, a silvicultura esteve marcada por polêmicas, que ocuparam espaço na mídia e tornaram-se verdades para a sociedade. Muitas dessas polêmicas baseavam-se em problemas concretos, causados por erros e irresponsabilidades oportunistas, agravadas por ineficiente fiscalização.
Algumas questões persistem, mas são circunscritas a pontos bem determinados. A silvicultura dos incentivos fiscais não tem nada a ver com a silvicultura dos tempos atuais. Novos procedimentos foram introduzidos, com respostas científicas a problemas ambientais. Mudanças sociais estão acontecendo, com investimentos, negociações, capacitação de profissionais e interação com as comunidades ligadas ao processo produtivo.
Nas reuniões iniciais do Fórum Socioambiental das Florestas Plantadas, foram identificadas importantes ações implementadas por empresas, que não são divulgadas à sociedade. Entre muitas, destacaram-se:
Fomento florestal: Mais de 50 mil produtores rurais participam dos programas em desenvolvimento. A área plantada no país, em 2006, foi de 553 mil ha e a participação do pequeno produtor representou cerca de 25%. Essa participação saltou de 7%, para 25 %, nos últimos 3 anos;
Formação de arranjos produtivos Locais: Em muitas regiões, o uso alternativo da madeira tem propiciado o surgimento de novas indústrias, com geração significativa de empregos diversificados;
Abertura de estradas rurais: São mantidos em condições de plena trafegabilidade mais de 100 mil quilômetros de estradas rurais, em mais de 500 municípios;
Produção de mel: A previsão é de que se produza cerca de 100 toneladas por ano, através de parcerias;
Produção de alimentos: Em áreas de pousio, sistemas agroflorestais, culturas intercalares ou aproveitamento de áreas marginais, calcula-se que, anualmente, sejam cultivados, mais de 50 mil ha para produção de alimentos;
Produção de peixes: Mais de 50 toneladas de pescados são produzidos e consumidos nas próprias comunidades locais;
Áreas de proteção ambiental: A maioria das empresas mantêm áreas naturais protegidas para estudos e pesquisas; estima-se que devam compreender mais de 100 mil hectares;
Distribuição de mudas de espécies nativas: A distribuição de mudas de espécies nativas, normalmente, está aliada aos programas de fomento para recuperação de áreas degradadas. Estima-se que foram distribuídas, em 2005, mais de 50 milhões de mudas;
APPs e Reserva Legal: São 2,5 milhões de hectares protegidos, sem APPs e Reserva Legal. É a única atividade rural que apresenta esses valores, com tanta representatividade;
Certificação florestal: Cerca de 60% das áreas cultivadas estão manejadas sob as regras do manejo florestal, certificado pelos sistemas CERFLOR ou FSC.
O Programa Nacional de Florestas Nativas e Sistemas Agroflorestais, que será lançado pelo PNF, ainda em 2006, deverá apresentar novos desafios e oportunidades à silvicultura brasileira. Deve-se salientar, também, que a área a ser plantada nos próximos anos deverá ser ampliada, obrigatoriamente! Estamos plantando para atender às necessidades atuais, mas devemos nos preparar para as demandas futuras.
Temos, no entanto, convicção de que as novas expansões terão a “cara da silvicultura sustentada” preconizada pelo Programa Nacional de Floresta: novos plantios sem desmata-mentos e com aproveitamento de áreas degradadas; uso múltiplo das florestas e da madeira; fomento florestal para promoção da inclusão social e estímulo ao uso da diversificação de espécies, especialmente nativas.