Professor de Métodos Silviculturais e Sistemas de Colheita de Madeira da UF do Paraná
Op-CP-13
A história mostra que no Brasil, na década de 70, somente se falava de “Exploração Florestal”, como termo proveniente da utilização de florestas nativas, principalmente, do Sul e do Sudeste. Mas, com a maturação das florestas plantadas, foi necessária a adaptação de métodos de trabalho para esta nova realidade de floresta. Volumes individuais menores, maior homogeneidade e maior volume por hectare a cortar, foram alguns dos fatores que começaram a fazer parte de discussões técnicas nas empresas florestais.
Em função do pouco conhecimento de como lidar com a nova realidade de produção de madeira, os técnicos, ainda em pequeno número devido às poucas universidades brasileiras que formavam Engenheiros Florestais, tratavam de organizar as atividades de campo conforme à rea-lidade da época. O que se via eram verdadeiros “batalhões” de operários, realizando o corte, a extração e o carregamento da madeira proveniente das plantações florestais.
Ao mesmo tempo, observava-se que não havia discussão e comparação dos rendimentos e custos das atividades, pois cada empresa tinha sua forma de cálculo. Era necessário mudar esta realidade e promover meios de discussão e, então, se iniciaram os “Cursos de Atualização sobre Sistemas de Exploração de Madeira e Transporte Florestal”, sendo o primeiro realizado no ano de 1977, em Curitiba.
Nestes eventos, até a 4ª edição, foram mantidas duas bases principais: cálculo de rendimentos e custos operacionais. E ampliavam-se com tópicos importantes, como por exemplo: ergonomia, rede viária, transporte de madeira, etc. Lembrando ainda, que, inicialmente, todos os palestrantes eram alemães, oriundos de um convênio existente entre a Universidade Federal do Paraná e a Universidade de Freiburg – Alemanha, país com longa tradição florestal.
Podemos lembrar das longas experiências, muitas vezes criativas, no sentido de tentar reduzir custos operacionais, feitas pelas empresas, sendo que nesses momentos, discutia-se somente uma operação de campo, pois não havia conhecimento técnico prático de sistemas de trabalho. Assim, discutia-se a redução de custo na atividade de corte, mas não se observava o que isto significaria no contexto da atividade subseqüente, o que hoje é fator preponderante para a tomada de qualquer decisão na escolha de máquinas e equipamentos.
Mas, o conhecimento do passado faz com que procuremos balizar o futuro, de forma a aplicar o que de mais atual existe no mercado, trazendo sempre o conhecimento técnico, de forma prática, nas atividades de produção de madeira proveniente de florestas plantadas. Exemplos deste aprendizado são os “Seminários de Atualização Sobre Sistemas de Colheita de Madeira e Transporte Florestal”, que continuam a acontecer em Curitiba, não mais na forma de cursos, mas como blocos de assuntos, no qual o temário a ser proposto é previamente discutido com a comunidade florestal, buscando trazer o que há de mais atual no setor.
A evolução das máquinas, implementos, equipamentos e tecnologia, destinados à colheita e transporte florestal, aliada à globalização e a conseqüente disputa de mercados, tanto nacionais como internacionais, fazem com que novos conhecimentos devam ser rapidamente discutidos e incorporados aos sistemas de produção das empresas, que hoje precisam ser muito mais ágeis do que no passado, sob pena de perderem sua competitividade.
Há pouco tempo, quando se via uma máquina ou equipamento no exterior, as empresas tentavam copiar o conceito, ou esperavam em torno de cinco anos para a introdução no mercado nacional. Hoje, qualquer lançamento está praticamente disponível simultaneamente, também, no mercado nacional.
No Brasil, tivemos momentos em que a motosserra foi considerada a “dama da mecanização”, sendo que, atualmente, são discutidos sistemas para aproveitamento quase que total da biomassa, mas, ainda faltam discussões sobre formas econômicas de sistemas de colheita, para a utilização da biomassa total das árvores, ou seja, incluindo as raízes.
O conceito de “sistemas de colheita de madeira e transporte florestal” já está muito bem concretizado, e hoje são discutidos meios para a integração do mesmo na cadeia produtiva da madeira, na qual a implantação da floresta faz parte. Atualmente, se discute qual o custo global de produção. O próximo “Seminário de Colheita de Madeira e Transporte Florestal”, que ocorrerá este ano em Curitiba, trará quatro blocos importantes, e cada um com um temário cuidadosamente discutido: Gestão de Pessoas, Logística, Novas Tecnologias e Cadeia Produtiva da Madeira.
Foram convidados palestrantes que têm afinidades com os temas, e que, com certeza, trarão experiências relevantes à comunidade florestal, tendo em vista o cunho “técnico-prático” deste evento. Certamente, as atualizações e as inovações a serem apresentadas, virão ao encontro dos anseios e das aspirações do setor.Juntamente com o evento técnico, também será apresentada a “Expoforest”, hoje já chamada de “Feira Florestal Brasileira”, que terá mais de cinqüenta expositores, os quais trarão o que de mais moderno existe em máquinas, equipamentos e tecnologia para a produção de florestas plantadas.
Quando se comparam conceitos, muitas vezes não há inovações em pouco tempo, mas quando se observa o que existe de tecnologia embarcada nos produtos, pode-se constatar o quanto existe de evolução, no decorrer de pouco espaço de tempo. Para finalizar, entende-se que para ter sucesso em um empreendimento florestal, a matriz mais adequada é integrar a produção de madeira com os sistemas adequados de silvicultura e manejo, sustentabilidade do meio ambiente, responsabilidade social e viabilidade econômica.