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Marcos Paulo Costa Barcelos Dias

Gerente de Planejamento & Logística da ArcelorMittal

Op-CP-50

Uma estrutura capaz de suportar as diretrizes do negócio
A produtividade está intimamente ligada à capacidade de produzir e, simultaneamente, gerar lucros. De maneira geral, trata-se da relação entre o produto final e os recursos utilizados para produzi-lo. Quanto melhor for essa relação, mais eficiente tende a ser o processo. Para o mundo corporativo, a produtividade é um objetivo constante, pois ela é a garantia de bons resultados e um dos pilares de sustentação de negócios bem-sucedidos. 
 
A busca pela produtividade passa por conhecer, de forma detalhada, processos, ambientes, pessoas e produtos. Somente o domínio da relação entre esses elementos permite tomar a decisão mais apropriada, visando fazer mais com o mesmo ou o mesmo com menos. Se os níveis de produção estiverem suficientes e não existir interesse em aumentá-los, só há um caminho: otimizar os recursos, tornando o processo enxuto, logo, mais produtivo.
 
O setor florestal possui um custo fixo significativo. Isso se deve, em sua grande maioria, às restrições de mecanização plena, dispersão geográfica, logística interna que, quase sempre, demandam manutenções constantes em estradas e vias de acesso, o escoamento da produção, que geralmente é refém de uma malha viária limitada, plataforma fiscal agressiva, necessidade de manutenção e desenvolvimento do ativo, entre outros. Com isso, o aumento da produtividade, seja ela florestal ou operacional, se apresenta como uma solução para manter esse segmento viável e atrativo aos investidores. 
 
Ao longo das últimas décadas, a produtividade florestal no Brasil exibiu um grande salto. Nos anos 1970, obtinha-se cerca de 20 m³/ha/ano. Hoje em dia, a realidade é outra, 40 m³/ha/ano é um incremento plausível para muitas localidades. Esse fato certamente foi determinante para que o País se apresentasse como uma potência florestal.

Segundo o reporte anual da Ibá – Indústria Brasileira de Árvores, o Brasil ultrapassou em 2017 a marca de 7,84 milhões de hectares de florestas plantadas. Mesmo em tempos de crise, o setor costuma oferecer bons números e a perspectiva de crescimento para os próximos anos é otimista. Com a demanda crescente por consumo, os recursos florestais renováveis se apresentam como uma alternativa interessante, pois possuem capacidade de equilibrar as demandas da população e aliviam a pressão sobre os recursos naturais. Nessa corrida, o Brasil sai na frente.

A produtividade florestal passa basicamente pela escolha do material genético, definição do pacote tecnológico, luminosidade, solo, água e a interação deles. Atualmente o mercado conta com clones ofertados por sólidos programas de melhoramento, as adubações geralmente são calibradas para alta performance e, como estamos em um país tropical, a luminosidade não é problema e os solos, em sua maioria, não são restritivos à atividade. Já a água, esta sim é um ponto de atenção nessa equação.

Diversas regiões do Brasil estão vivenciando períodos de poucas chuvas, entre eles, destaco o norte de Minas Gerais, que passou por anos com 50% da precipitação média histórica. Isso tem causado fortes discussões entre as empresas instaladas na região, para as quais análises estimam redução de até 30% na produtividade de suas florestas. Trago aqui uma reflexão: não seria uma boa alternativa para a segurança da exaustão a calibração das adubações para produtividades menores e, se até o segundo ano do ciclo, as chuvas contribuírem e as perspectivas de crescimento forem promissoras, executar, então, um reforço na adubação para proporcionar o arranque em direção à produtividade desejada? 
 
Criar uma cultura organizacional tendo a produtividade como uma das prioridades é extremamente contemporâneo ao setor florestal, pois os mercados estão cada vez mais competitivos e agressivos em relação aos custos. Se cada empregado possuir a consciência do poder da produtividade e aplicá-lo em seu raio de ação, certamente contribuirá para o sucesso do negócio em que está inserido. Não estou restringindo aqui esse comportamento somente a cargos de gestão. Ele deve ser perseguido por todos, independentemente de seu nível hierárquico. Acredito ainda que a disciplina operacional, ancorada por procedimentos robustos e um time com líderes corajosos e comprometidos, seja um bom caminho para essa conquista.
 
Manter a produtividade é um desafio maior do que conquistá-la. A estabilidade é algo que requer um esforço considerável, pois depende de um sistema que contemple um planejamento bem elaborado, uma execução controlada, matéria-prima adequada e mecanismos de validação que permitam correções pontuais e até mesmo aberturas para o desenvolvimento tecnológico visando à evolução e ao aprimoramento da operação. É necessário investir em um ambiente produtivo, com metas claras e bem definidas, organizadas de modo a compor uma estrutura capaz de suportar as diretrizes do negócio.