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Ricardo Ribeiro Tavares

Presidente da Assoc Brasileira de Produtores de Mogno Africano - ABPMA

Op-CP-49

Mogno africano no Brasil
Assim como o povo brasileiro recebe de braços abertos imigrantes de todo o mundo, o solo brasileiro é um bom anfitrião para várias espécies de plantas e árvores da flora mundial.  De modo hospitaleiro, o pesquisador da Embrapa do Pará, Prof. Ítalo Falesi, recebeu há mais de 40 anos, um cônsul da Costa do Marfim, que lhe presenteou com as primeiras sementes de mogno africano da espécie Khaya ivorensis, predizendo que se tornaria o “ouro verde” do Brasil.
 
Dessas sementes foram geradas quatro belas árvores, que só conseguem ser abraçadas em toda sua circunferência, por mais de três pessoas. Cresceram na Embrapa, plenamente adaptadas ao clima tropical do Pará, e generosamente até hoje fornecem as sementes que se espalharam por todo o Brasil para formarem novos plantios e inúmeras mudas de clones.
 
Muitos me perguntam o porquê da escolha dessa espécie e sempre respondo baseado em minha filosofia de que: negócios têm de ser investigados antes do investimento. Viajei bastante por todo o Brasil junto com alguns companheiros que também queriam investir em florestas e acabou que nos tornamos os fundadores da Abpma (Associação Brasileira dos Produtores de Mogno Africano).

Após uma pesquisa comparativa, levamos em conta o período de crescimento até o corte, as despesas de implantação, o valor da madeira no mercado exterior e a comparação entre as propriedades madeireiras de madeiras nobres – inclusive o mogno africano Khaya senegalensis muito plantado aqui no Brasil – e por ser superior em todos os quesitos, fizemos a opção pelo mogno Khaya ivorensis. A espécie não nos tem decepcionado, com expectativa de crescimento superior à esperada, bom incremento de madeira e a maioria das árvores com fuste retilíneo.
 
Como toda espécie tropical, gosta de água e necessita de projetos irrigados em regiões com menos de 800 mm de chuva ao ano. Em terrenos com quantidade de chuva razoável, tem progredido bem e até no sul do país existem vários plantadores cujas florestas vêm crescendo a olhos vistos, mesmo tendo sofrido geada em alguns anos.

Portanto, pelo que temos acompanhado, todo o território brasileiro tem se mostrado receptivo para com a espécie, desde que respeitadas as diferenças pluviométricas regionais. Defendemos sempre o plantio de mogno consorciado com outras culturas agrícolas e pecuárias. Isso levará à democratização do plantio, pois tendo gerado recursos com o produto consorciado, até o pequeno produtor pode ter renda que suporte o tempo de maturação da madeira do plantio até o corte. O trato que se usa para um é o mesmo que agrada ao outro. Temos visto vários tipos de consórcio e a escolha vai depender da vocação agrícola da região.
 
Comparando-se o mogno africano com o mogno brasileiro – que foi tão conhecido de todos por ter sido plenamente usado nos anos 1980 – o primeiro mostrou-se imune às pragas que sempre atacaram-no, produzindo árvores sadias em todas as regiões. A madeira possui uma cor suave comparada a do mogno brasileiro, e vem tendo uma grande aceitação por parte de todos os envolvidos no setor produtivo.

É possível ver no site da Abpma, a criação do Mahog Project que envolve todo o trabalho de divulgação que está sendo feito pelo design para a formação do mercado nacional, através da apresentação da madeira para os mais renomados designers do Brasil, deixando-os livres para opinar e divulgar sobre suas propriedades e características físico-mecânicas.
 
Estima-se hoje a quantidade de 25.000 hectares plantados dessa espécie, um número ainda longe do nosso objetivo de nos tornarmos o maior produtor de mogno africano do mundo. O mercado só é forte quando a oferta do produto existe por longo prazo.  Enquanto a maioria dos plantios brasileiros está em fase de crescimento, o mercado interno está sendo formado e estamos cuidando bem da “reputação” da madeira para que, quando estiver pronta, possa ser comercializada ao melhor preço de retorno para os investidores.  
 
O mercado externo para o mogno Khaya ivorensis sempre existiu. Esse mercado é abastecido pelas árvores de florestas nativas da África e pode ser acompanhado pelo site do Itto para quem quiser saber preços da madeira, tanto em toras quanto de madeira serrada.
 
Grandes investidores internacionais estão observando o Brasil para investirem no plantio de mogno africano. São grandes projetos para plantação de muitos hectares e investimentos em plantios já existentes. É bem clara a alta lucratividade que pode gerar a madeira. 
 
Temos ainda alguns anos para analisarmos com calma o mercado, escolhermos o que irá agregar mais valor a todo nosso empreendedorismo e para escolher a melhor vocação para a madeira e a melhor lucratividade. O mercado mundial anseia por produtos limpos, certificados, principalmente neste setor madeireiro que é tão observado e fiscalizado, no qual não cabe mais depredação irracional da natureza. 
 
A demanda mundial por madeiras limpas só cresce, fazendo o caminho contrário do estoque madeireiro nativo, que só diminui. Portanto, as florestas plantadas são o caminho, e o mogno africano se apresenta como uma das melhores opções.