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Hjalmar Fugmann

Presidente da Voith Paper América do Sul

Op-CP-49

Modelo das empresas de tecnologia
É possível que você esteja lendo este artigo em uma revista impressa, um dos múltiplos usos atuais do papel. Dos antigos povos do Egito e Oriente Médio até hoje muita coisa mudou e não somente na composição e qualidade do material utilizado para transmitir conhecimentos e informações.

Além da leitura, o papel é também matéria-prima em embalagens, móveis e pallets, higiene e beleza, construção, decoração, brinquedos e tantos outros materiais que a imaginação e as pesquisas têm permitido aplicar. Tudo começa e depende das florestas – essa compreensão tem de estar consolidada na mente de todos os profissionais que atuam na cadeia de papel e celulose. Pode parecer básica e simplista, mas esconde certa complexidade e, às vezes, um conflito de interesses que leva a decisões prejudiciais ao mercado e às próprias empresas em longo prazo.
 
Existiu, ou ainda existe, a ideia de que o consumo do papel vai acabar por conta da tecnologia, o que tem se provado uma ideia equivocada. Ao contrário, observa-se o aumento da produção e consumo de papel e celulose, em parte, com novos modelos e destinações.

A tecnologia, a mesma que seria a causa da derrocada do segmento, possibilitou, em verdade, a propagação do uso do papel para outras aplicações, como por exemplo, em embalagens resistentes a líquidos ou materiais que podem até se transformar em cadeiras ou pallets.

Voltando à questão de que tudo em nosso mercado começa e depende das florestas, é fundamental ressaltar a importância de depreender esforços no sentido de assegurar a preservação desse bem natural que, se bem manejado, é eterno. Infelizmente, existe a disseminação de informação incorreta de que a produção de papel no Brasil se utiliza primordialmente (e de forma não sustentável) destes nossos recursos naturais – as matas nativas. 
 
A verdade não poderia estar mais distante disso. No território brasileiro, a área total de florestas plantadas é de cerca de 7,8 milhões de hectares, sendo que desses, 2,6 milhões correspondem ao plantio florestal do setor de celulose e papel, segundo dados do Ibá – Indústria Brasileira de Árvores.

Contudo, se periodicamente são desenvolvidos novos usos para o papel, como garantir a sustentabilidade das florestas e do ambiente? Isso não significaria o aumento dos danos causados à natureza que a sociedade tanto tem se esforçado para reduzir? Posso afirmar que é possível aliar ambos os aspectos a alternativas modernas dentro e fora de nossas porteiras. Dentro das porteiras, o Brasil é um exemplo a ser seguido. Nossa matéria-prima é oriunda de florestas plantadas especificamente para esse fim, com uso de técnicas de conservação do solo e do bioma. 
 
A seleção e adaptação de espécies de alto rendimento para as diferentes condições climáticas do Brasil nos tornam altamente produtivos. Da porteira para fora, o caminho surgiu principalmente por meio do desenvolvimento de tecnologia, com especialistas que se debruçaram sobre problemas-chave e desenvolveram soluções inteligentes e viáveis para a indústria de papel e celulose.
Hoje em dia, a carga tecnológica nos equipamentos, serviços e processos envolvidos nessa produção é algo que parecia inimaginável há duas ou três décadas. 
 
Ainda há um enorme espaço para aprimorar os processos já instalados, com mudanças nos equipamentos obsoletos ou nas lacunas de melhoria. Entretanto, os esforços e estudos compreendem uma gama cada vez maior de soluções que permitem o uso de um volume menor de recursos naturais para a fabricação de todos os tipos de papéis. É possível, por exemplo, produzir papel com a mesma qualidade, reduzindo consideravelmente o consumo de energia (em até 30%), ou ainda, economizar água e fibras para obter o mesmo produto final. 
 
Já existem no mercado soluções bastante completas para renovação do parque de equipamentos instalados, exigindo menores investimentos, oferecendo prazos de implantação mais enxutos e baixa interferência na rotina da fábrica. São aspectos que pesam positivamente nos resultados das empresas e também no balanço ambiental.
 
Um dos principais objetivos atuais é ter uma linha de soluções totalmente integrada, que reúne a otimização da performance com maior estabilidade no controle do processo, a manutenção preditiva inteligente e baseada em monitoramento em tempo real e um toque de futurismo, com a identificação de serviços imprescindíveis antes mesmo que suas necessidades sejam percebidas.
 
Uma fábrica equipada com essa tecnologia tem baixíssimas taxas de desperdício, torna-se mais competitiva frente aos concorrentes e, portanto, aumenta sua capacidade produtiva com reduzido impacto ambiental. Assim como tecnologias que há poucos anos pareciam distantes dos campos, como uso de GPS, drones e agricultura de precisão – as quais atualmente fazem parte do dia a dia da indústria –, avanços que mais lembram filmes de ficção científica estão sendo integrados nas enormes máquinas de papel e celulose. Já existem empresas de ponta trabalhando com intervenções de especialistas por videoconferência e utilizando-se de realidade aumentada para manutenção desses equipamentos.

Ganha-se tempo, eficácia e eficiência ao assimilar tais práticas. Evidentemente, não é possível comparar a dinâmica de tais mudanças com a velocidade imprimida por empresas de tecnologia como Google, Amazon e Facebook, em termos de novos desenvolvimentos, mas vivemos em um momento global, que demanda aperfeiçoamentos e inovações em ciclos cada vez mais curtos e alta taxa de resiliência.

Seja qual for o seu segmento de negócio, cresce quem conseguir acompanhar esse modelo de observar o comportamento dos clientes, aprender com eles e oferecer soluções que melhorem suas experiências e gerem ganhos perceptíveis. É aquela sensação de ser surpreendido com algo que parece ter sido feito sob medida, de uma maneira aparentemente simples, fácil de acessar e de custo adequado.
 
Neste contexto, uma pergunta chave que as pessoas envolvidas na produção florestal devem fazer aos fornecedores é: “o que vocês podem fazer para reduzir permanentemente o impacto ambiental, sem afetar negativamente a produção?”
 
As companhias que responderem a essa provocação da melhor maneira são as mais apropriadas para assumirem, ou manterem, a posição de líderes globais em seus respectivos segmentos. O Brasil merece se orgulhar de sua produtividade e tecnologias adotadas na produção de papel e celulose. Somos os maiores produtores de polpa de eucalipto no mundo e o quarto em volume total de polpa, com o parque fabril mais produtivo do mundo.

Isso é ótimo, pois, aliada à nossa capacidade de produção agroflorestal, nos dá vantagem em relação aos demais países. Mas é arriscado acomodar-se e deixar tal liderança nos fazer perder a velocidade da inovação. Países como Estados Unidos e nosso vizinho Peru estão investindo na renovação dos equipamentos com alternativas de ponta. 
 
A verdade é que a inovação deve ser prática constante, mesmo em mercados tradicionais como o nosso. E é a disciplina e a constância que fazem a diferença, nesse contexto. Ao mesmo tempo, assim como não se pensava em armazenar líquidos em embalagens de papel em um passado recente e o fazemos hoje com naturalidade, o que o futuro nos reserva? 
 
Há estudos para desenvolvimento de papéis moldáveis, tridimensionais, híbridos, e até mesmo para aplicações e finalidades, nas quais hoje o papel ainda não consegue suprir demandas adequadamente. Garantir a sustentabilidade das florestas e do ecossistema ao qual elas pertencem é uma demanda e um dever mundial, cada vez mais cobrado por toda a sociedade. Mais do que isso, é uma necessidade absoluta na busca por qualidade de vida da humanidade em um futuro próximo.
 
Ao mesmo tempo, permanece o desafio do aumento do consumo frente à restrição dos recursos naturais. Mesmo já sendo chamado de ambientalmente amigável, visto que sua reciclagem requer um tempo consideravelmente menor quando comparado a outras matérias-primas, é essencial aliar inovação no uso do papel à sustentabilidade ambiental em um mercado que precisa das florestas e tem seus produtos finais presentes em todos os cantos do mundo.
 
Falo como executivo de uma das maiores empresas globais no fornecimento de equipamentos para a indústria de papel e celulose e posso afirmar que, de nossa parte, as opções em inovação das tecnologias e dos processos, além do fornecimento de serviços de alto valor agregado, continuarão como prioridade.
 
Faço o convite para conhecer o que existe disponível nesse mercado e como essas soluções podem transformar o modo como se aproveitam os recursos naturais e humanos, tornando cada vez mais real a aspiração a um futuro verde e próspero.